sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MEC faz reunião para discutir vazamento da prova do Enem

Christian Baines,
Clipping Educacional - repórter em Brasília
BRASÍLIA - Cerca de 15 pessoas participam, nesta sexta-feira, da reunião entre representantes do Ministério da Educação, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e do consórcio responsável por todas as etapas de execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para discutir o vazamento da prova.
O encontro começou por volta das 10h40 e deve se estender ao longo da tarde. Participam o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, o secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim, e representantes das três empresas que formam o consórcio - a sócia-diretora da Consultec, empresa líder do consórcio, Itana Marques Silva, o diretor-presidente do Instituto Cetro, Archimedes Baccaro e o representante da Funrio, Valdir Azevedo.
Além disso, também acompanham a reunião alguns técnicos da Diretoria de Avaliação da Educação Básica, área do Inep responsável pelo exame.
Os objetivos do encontro são tentar mapear onde pode ter ocorrido o vazamento da prova, estudar a melhor data para a aplicação dos testes em novembro e definir as próximas medidas a serem adotadas.
Ainda não foi definida uma nova data para o exame, que será realizado em novembro. O telefone para que os estudantes possam esclarecer dúvidas é 0800 61 61 61.
Cancelamento
Em pronunciamento feito nesta quinta-feira em rede nacional de rádio e televisão, o ministro da Educação, Fernando Haddad, explicou que após receber do jornal "O Estado de S. Paulo" a informação de que uma prova do Enem havia vazado e sido oferecida à publicação, o MEC decidiu adiar a aplicação do exame.
“Em nome da credibilidade e segurança que o Enem possui, decidimos inutilizar os itens da prova e adiar a sua realização, até que uma nova versão possa ser impressa com condições reforçadas de segurança”, disse.
O ministro reafirmou que o MEC colocou a prova descartada à disposição dos estudantes, para uso em simulados. O material está disponível nas páginas do ministério e do Inep na internet.
Vazamento
Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", a quatro dias da prova, o proprietário da Donna Pizzaria & Restaurante, Luciano Rodrigues, entrou em contato telefônico com a redação do jornal apresentando homens que dizia estarem de posse de um caderno de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
De acordo com o jornal, Luciano tentou intermediar a venda da prova. Um dos homens citado pelo dono da pizzaria chegou a entrar em contato com a redação por volta das 23h40 da terça-feira, marcando um encontro com a reportagem, mas não apareceu.
De acordo com a "Folha", procurado nesta quinta na pizzaria, que fica nos Jardins, o empresário Luciano Rodrigues não foi encontrado. Mas entrou em contato por telefone às 20h54, tão logo os repórteres saíram do local. Em dez minutos de conversa, disse não ter como localizar os homens que ofereciam a prova.
O empresário assumiu que foi ele quem deu aos dois homens os números de telefones de jornalistas da "Folha" e do "Estado". Desta vez, porém, negou que soubesse que o teor era a venda de prova roubada do Enem. "Eu não sabia sobre o que seria a conversa. Se alguém lhe pedisse para apresentar alguns jornalistas, você não ajudaria?", indagou.
O jornal "O Estado de S. Paulo", que divulgou primeiro a notícia sobre o vazamento da prova, informou que homens pediram R$ 500 mil pelo material. Em reportagem publicada nesta quinta, o jornal disse que não pagou pelo exame.
Investigação
A primeira hipótese a ser investigada pela Polícia Federal (PF), com base nos elementos preliminares levantados pelo Ministério da Educação (MEC), é a de que o vazamento da prova do Enem tenha ocorrido entre a etapa de impressão das provas, na gráfica Plural, em São Paulo, e a da distribuição dos kits por todo o País.
A PF não descarta nenhuma pista e vai começar a investigação pelo rastreamento de cada etapa do Enem, desde a confecção das provas, o que inclui tomar depoimento de servidores em Brasília ligados ao programa, até a distribuição dos exames, aplicados em mais de 10 mil pontos de 1.828 municípios. Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, os primeiros elementos de prova podem estar nas fitas de vídeo que monitoram 24 horas tanto a gráfica como a sala de segurança do Inep, em Brasília, onde está guardado o material digitalizado com os exames. De acordo com o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, o controle na gráfica é tão rigoroso que chega a exigir que os seus funcionários troquem de roupa ao entrar e sair do local.O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, disse nesta quinta ao ministro Haddad que o superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra, vai indicar o delegado responsável pelo inquérito o mais rápido possível. Mas já está definido que a investigação ficará a cargo da Polícia Fazendária.DefesaA Plural Indústria Gráfica Ltda. informou, por meio de nota, que "não teve qualquer responsabilidade" no episódio do vazamento da prova do Enem. A empresa também se comprometeu a colaborar com as autoridades para esclarecer o ocorrido e vai entregar 122 DVDs com imagens da operação de produção da prova em suas diversas fases. Na nota, a gráfica ainda diz que "cumpriu suas obrigações relacionadas à segurança" e "as áreas de equipamentos de impressão e acabamento foram isoladas, com acesso restrito e utilização de detector de metais". Todos os profissionais envolvidos na operação assinaram termo de responsabilidade de sigilo. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

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