quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SOU PROFESSOR!

Gisela Wajskop
Clipping Educacional - Notícias CP
As duas últimas décadas testemunharam grandes investimentos em reformas educacionais no Brasil de maneira a fazer frente aos desafios das sociedades atuais. Quase 100% das crianças estão no Ensino Básico e o número de egressos do Ensino Médico aumentou, além de um afluxo ao Ensino Superior nunca antes visto no País. Constatam-se avanços na expansão quantitativa em todos os níveis de ensino e na elaboração de políticas públicas que visam a uma educação equitativa para todos. A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em 1996, trouxe a legitimação legal de uma nova concepção de escola e educação. Uma delas foi ter colocado a sala de aula no centro do debate. Outra mudança foi estabelecer a exigência de formação dos professores do ensino básico no nível superior. Para ser professor, no Brasil, é necessário ter título de pedagogo.
Apesar desses esforços, os resultados das aprendizagens estudantis, objetivo maior da escola, avançam lentamente, e a carreira é pouco atrativa. Apenas 2% dos nossos vestibulandos aspiram a uma vaga de professor. A maioria das universidades oferece cursos teóricos e distantes da prática da sala de aula. Sabe-se que em países como a Finlândia e a Coreia do Norte são os melhores alunos do Ensino Médio que escolhem a carreira docente.
Como tornar essa carreira atrativa no Brasil? Basta aumentar salários e tornar as escolas ambientes mais agradáveis? 
Será preciso valorizar a profissão naquilo que lhe é peculiar e singular: são os professores, depois da família, os maiores responsáveis pela inclusão das gerações mais jovens na cultura geral humana. Será preciso que a sociedade compreenda a docência como uma profissão e exija dela competência e resultados. 
Uma excelente professor necessita conhecer e exercer o relacionamento humano e todos os pressupostos afetivos, cognitivos e sociais que lhe são próprios; deve usar boas estratégias didáticas de maneira que seus alunos aprendam os conteúdos curriculares e saber organizar situações adequadas a cada idade.
Em estágios supervisionados remunerados, vivenciados desde o início de sua formação, os aprendizes de professores podem aprender na prática a profissão. Além disso, os cursos de pedagogia devem oferecer disciplinas que propiciem a ampliação cultural, além de vivências sobre como e com que materiais e atitudes se pode ensinar as diversas populações brasileiras.
Com currículos atraentes que vislumbrem uma escola de qualidade será possível, um dia, que um de nossos filhos nos surpreendam dizendo: "Mãe, quando eu crescer quero ser professor!". Para que esse dia chegue logo, é preciso que o Poder Público e a sociedade civil assumam, de fato,a preparação inicial de professores como meta prioritária 
Ponto de Vista de Gisela Wajskop - Diretora e Fundadora do Instituto Singularidades de Formação Inicial e Continuada de Professores e Especialistas em Educação 

Um comentário:

  1. Texto excelente, retrata a realidade, é muito triste ver a educação desvalorizada em nossa sociedade.
    Abraço

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