Isis Brum
Clipping Educacional - Jornal da Tarde
Instituições de SP fazem reforços paralelos até de tabuada para aluno poder acompanhar a graduação.
Várias faculdades particulares paulistas estão dando cursinhos de nivelamento no primeiro ano para que os ingressantes revejam conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática do ensino fundamental e médio. Os alunos chegam ao ensino superior sem saber nem mesmo a tabuada, por exemplo, ou resolver divisões simples e equações com fração. Em Português, precisam reaprender ortografia, concordância e pontuação. De maneira geral, não conseguem ler um texto complexo, próprio do curso, e responder a questões.
Os cursos de reforço ocorrem, geralmente, uma hora antes do período normal de aulas, no caso do noturno, ou uma hora após o expediente escolar, para quem estuda pela manhã. Nesses módulos há estudantes oriundos do sistema particular de ensino, mas a maior parte dos estudantes, dizem os professores, é formada por gente vinda da rede pública. Um deles é Evânio Viana Nobre, de 42 anos, que cursa o último ano de Licenciatura em Matemática na Universidade de Guarulhos (UnG), na Grande São Paulo. Ele diz que, na primeira vez em que tentou cursar o ensino superior, abandonou a faculdade. “Tive de contratar um professor particular”, lembra. Na UnG, participou do Mathema, o cursinho extra de matemática.“O ensino público está muito ruim”, critica Magali de Paula, professora do projeto Aprimorar do Centro Universitário Sant’Anna (UniSant’anna). “Os alunos chegam à instituição semianalfabetos”, completa. Por lá, o cursinho extra também inclui reforço em espanhol e inglês.
“Os alunos chegam sem noção alguma da serventia do conteúdo para a vida dele. Falta significado”, diz Ana Maria Pires, professora do Mathema. Mayara Elza Lessa, coordenadora de Inserção Acadêmica da UnG, acredita que as dificuldades em leitura e produção de texto são graves. “Por isso, criamos o laboratório de produção textual.”
As instituições particulares já perceberam que precisam resolver as deficiências da educação básica de seus ingressantes se quiserem mantê-los nas aulas.
“Esse é o nosso público. E ele também tem direito de cursar a faculdade”, afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo.
“Aqui, combinamos competências e habilidades (defasadas) com a aquisição de novos conhecimentos”, conta Sílvia Ângela Teixeira Penteado, pró-reitora da Universidade Santa Cecília (Unisanta), na Baixada Santista.
“O diploma da educação superior tem implicações sociais. Felizmente, algumas universidades estão olhando para isso e oferecendo os cursinhos”, avalia Ocimar Alavarce, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Nas faculdades do Grupo Anhanguera, as oficinas ocorrem especialmente no primeiro ano e ajudam o aluno até a pesquisar na internet. “É, sim, um desafio, mas cabe a nós ajudar esses alunos a realizar o seu projeto de vida”, diz Ana Maria Souza, vice-presidente acadêmica da Anhanguera Educacional. Na UniRadial, instituição do Grupo Estácio, o cursinho de reforço é oferecido a distância, durante a formação regular.
A Universidade Anhembi Morumbi também adota a técnica e os módulos são criados de acordo com a necessidade das turmas, segundo a pró-reitora acadêmica da instituição, Josiane Tonelotto.
Os números mais recentes do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) ajudam a entender as dificuldades do aluno que chega à universidade: quase 60% dos alunos do ensino médio estão abaixo do nível básico em matemática e 38% deles não absorveram conteúdos mínimos em português.
fonte: http://www.estadao.com.br/
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