sábado, 30 de outubro de 2010

Aula tradicional é "viagem para ego do professor", diz pesquisador

LUCIANO GRÜDTNER BURATTO Clipping Educacional - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O nova-iorquino Fredric Michael Litto trabalha com ensino a distância desde 1957. Doutor em comunicações pela Universidade de Indiana, Litto trocou os EUA pelo Brasil após conhecer uma brasileira com quem posteriormente se casou.
Um dos maiores especialistas do assunto no Brasil, foi professor titular da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) de 1971 a 2003 e dirige desde 1995 a Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).
É autor do recém-lançado "Aprendizagem a distância" (Imprensa Oficial, 2010) e coautor de "Educação a Distância - O Estado da Arte" (Prentice Hall, 2008), uma coletânea de estudos que recebeu o Prêmio Jabuti na categoria educação em 2009.
Em entrevista à Folha, Litto traça um perfil do aluno ideal para o ensino a distância e sugere como professores podem driblar as artimanhas da "geração Google".
Litto também critica o método tradicional de ensino presencial e discute o novo papel do professor no século 21. Leia a seguir trechos da entrevista.
Folha - Quais a principais diferenças entre um curso tradicional e um a distância?
Fredric Michael Litto - No ensino presencial tradicional, quem domina a comunicação é o professor. Ele é o dono da verdade. Trata-se de uma grande viagem para seu ego. O aluno acaba relegado a um papel passivo em sala de aula. Quando o curso é reformatado para a educação a distância, os papéis do professor e do aluno mudam. O professor não é mais o entregador do conhecimento, é seu arquiteto. Decide qual material é incluído e em que profundidade. O aluno é responsável por estudar a matéria antes das "aulas", que se transformam em momentos de discussão do material lido entre os alunos. É nesse momento que ocorre a aprendizagem.
Se o conteúdo das aulas está na internet e as "aulas" são discussões entre alunos, o que resta para o professor fazer?
O professor precisa em primeiro lugar organizar o material do curso. Essa organização começa meses antes do seu início e força o professor a criar uma estrutura de conteúdo clara e transparente. Outra função importante é auxiliar o aluno a filtrar informações. A multiplicação de fontes de informação na internet, algumas menos confiáveis ou mais enviesadas que outras, requer o trabalho de um guia experiente. E o novo professor deve acompanhar as conversas dos alunos durante as sessões de discussão e interferir quando eles chegarem a um impasse. Deve ajudá-los a interpretar os textos, a ler entre as linhas, algo que nenhuma tecnologia atual pode fazer.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/

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