terça-feira, 21 de setembro de 2010

Navegando e naufragando

FABIANA REWALD DE SÃO PAULO
LUCIANO BOTTINI FILHOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Clipping Educacional – DE SÃO PAULO
Alunos perdem o costume de manusear enciclopédias e ainda sentem dificuldade para encontrar informações de qualidade na internet; é papel da escola, portanto, orientá-los nas pesquisas
Fernando Foster, 49, vende enciclopédias da Barsa há 30 anos. Seu modo de trabalhar quase não mudou e ele continua vendendo tão bem quanto no início da carreira.
A diferença é que agora sempre leva um notebook para as visitas a potenciais clientes. Assim, pode mostrar os atributos não só da edição impressa como da digital -quem compra os livros ganha DVD-Rom e acesso ao conteúdo da internet.
Luiz Felipe Pezzino Lugarinho, 12, está no 6º ano do colégio Elvira Brandão, na zona sul de São Paulo. Dentre seus cerca de 30 colegas, é o único que sabe o que é uma enciclopédia, mesmo que não a utilize com frequência.
Com um mundo de informações a apenas um clique, muitos alunos não aprendem a pesquisar em livros, o que preocupa as escolas.
"Não é preciso evitar a internet, mas o estudante deve entender a diferença [entre o material impresso e o que está disponível na rede]", diz Jorge Cauz, presidente da Encyclopaedia Britannica. Diferentemente da Barsa, a Britannica concentra 95% das vendas no meio digital.
Antônio Joaquim Severino, professor aposentado da Faculdade de Educação da USP, defende que o manuseio dos livros continua uma via pedagógica insubstituível. "O recurso às fontes eletrônicas é enriquecedor, mas complementar."

AULA DE BIBLIOTECA
Para suprir essa falta de costume de pesquisar em livros, o colégio Santa Maria (zona sul de SP) dá aulas sobre como usar a biblioteca.
"As crianças se assustam quando ouvem as palavras "acervo" ou "lombada'", conta a bibliotecária Marilúcia Bernardi. Os estudantes aprendem a manusear livros, jornais e revistas.
Mas a preocupação com o uso do conteúdo disponível na internet também existe. "Às vezes, o professor pressupõe que o aluno sabe pesquisar, mas tem que ter orientação", diz Miguel Thompson, diretor de marketing e serviços educacionais da Editora Moderna.
A ingenuidade faz com que os estudantes acessem sites inseguros, recorram a conteúdos desatualizados e não saibam a diferença entre informações boas e ruins.
"Os alunos pensam que sites que trazem poucos resultados são péssimos, em comparação com o Google, que traz um milhão de respostas", diz Helena Mendonça, coordenadora de tecnologia da informação e comunicação da Stance Dual (centro).
Quando há casos de plágio ou se os alunos escrevem o que não devem na rede, a escola propõe uma discussão sobre condutas éticas.
No Santo Américo (zona oeste), a saída foi convidar uma empresa de direito eletrônico para conversar com os alunos. "Passar a noção de autoria é um desafio", diz a diretora Elenice Lobo.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

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