sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Burocracia e falta de senso de urgência dificultam implantação de projeto que dá um micro por aluno

Ana Okada
Clipping Educacional - Em São Paulo
Demora para a liberação de verba por parte dos governos e falta de "senso de urgência" dificultam para a implantação de programas que dão micros a alunos carentes, tais como o brasileiro UCA (Projeto Um Computador por Aluno), observa o presidente da OLCP (One Laptop Per Child), Rodrigo Arboleda.
A organização defende que crianças dos primeiros anos escolares deveriam ter, cada uma, um computador.
Arboleda compara a educação à medicina: enquanto, na segunda, o paciente pode morrer se o atendimento demorar para ocorrer, na educação, por não haver essa urgência, os projetos demoram muito mais para tornarem-se realidade. "Como não há essa urgência, as crianças seguem nesse obscurantismo medieval", ressalta.
Segundo Arboleda, o computador ajuda o estudante a "aprender fazendo". Com isso, a memória retida torna-se mais profunda, a concentração e a curiosidade aumentam e a criatividade é mais estimulada. Quando levam o micro para casa, além dos alunos passarem a utilizar mais o computador, sua frequência escolar e o tempo que passam na escola aumentam. "Para nós, as crianças são uma missão e não um mercado; o computador é só um veículo para a mudança da cultura", diz.
Ele finaliza fazendo outra analogia à medicina: o projeto, para ele, deveria ser como uma vacina, que deve ser aplicada em grande escala, num tempo pequeno, com uma grande cobertura da população.

Brasil
No Brasil, a organização está presente por meio do UCA, do governo federal, que deve distribuir 150 mil computadores a 300 escolas até o final do ano. Para que esses micros saíssem do papel, foi necessário haver duas licitações, uma em 2007, que acabou sendo cancelada, e uma em 2010.
O país tem, via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tem, atualmente, R$ 660 milhões disponíveis para a compra de mais equipamentos, instalação de infraestrutura nas escolas e capacitação de professores.
Os micros dados têm acesso à internet, programas didáticos diversos e utilizam softwares livres e "open-source": ou seja, podem ser programados pelos próprios estudantes. O modelo de computador oferecido atualmente pelo governo custa R$ 550.
O programa da OLPC, que foi idealizado no MIT (Massachussets Institute of Technology), nos Estados Unidos, já deu 1,5 milhões de computadores para crianças em 33 países, e 500 mil computadores estão em vias de serem entregues. Uruguai e Peru, na América do Sul, e Ruanda, na África, detêm o maior número de participantes -- mais de 1 milhão dos micros doados estão nesses países. Apesar dos números expressivos, o programa deveria ter crescido muito mais, na opinião do presidente: "Deveria haver 50 milhões de crianças atendidas. É muito difícil convencer os governos... Muitos estão convencidos, mas não sabem como fazer", diz.
fonte: http://educacao.uol.com.br

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