terça-feira, 20 de julho de 2010

'Não há caos nas escolas estaduais', diz secretário

Deborah Moreira e Illenia Negrin
Clipping Educacional – Diário do Grande ABC
O secretário de Educação do Estado, Paulo Renato Souza, garante: não há caos na rede de escolas. Segundo ele, há problemas pontuais, que demoram a ser resolvidos em virtude das normas burocráticas que regem o serviço público. Em entrevista exclusiva ao Diário, o ex-ministro da Educação falou sobre as vantagens da municipalização do ensino do 1º ao 5º ano e a gestão eficiente das Prefeituras. Paulo Renato explicou porque a ‘meritocracia'' tem ajudado a melhorar a imagem do magistério e sobre as dificuldades encontradas para qualificar os professores.
DIÁRIO - O Diário tem publicado diversas reportagens sobre a situação precária de escolas estaduais da região. Em uma unidade de Mauá, os pais foram convocados pela diretora para realizar a faxina, por falta de funcionários. Por que isso acontece?
PAULO RENATO SOUZA - Temos 5.300 escolas. Se um por cento delas tiver problema, haverá um problema por semana. Todos os dias temos casos para resolver. Um dia falta merenda em uma unidade. No outro, é caso de aluno que agride professor. Parece que é um caos. E não é. O noticiário negativo não é falso. Mas são casos isolados. O Grande ABC tem 329 escolas. Em 220, o serviço de limpeza é terceirizado. Tivemos problema com a empresa que executava o serviço em unidades de Mauá. Já estamos providenciando nova licitação.
DIÁRIO - Outra reclamação recorrente de pais e alunos é quanto à falta de professores. Há turmas que passaram todo o semestre sem cursar determinada disciplina. Há déficit de professores na rede?
PAULO RENATO - Não. O que há é a intensa movimentação de professores. São 220 mil profissionais. A substituição é diária e deve ser feita de acordo com as regras do serviço público, que são burocráticas. Por isso o processo, muitos vezes, é lento e pode levar meses. Em algumas disciplinas, encontramos o obstáculo da falta de formação. Física e Matemática são as áreas mais críticas. Falta gente capacitada. Neste ano, excepcionalmente, tivemos que incluir na fila dos temporários até os educadores que não haviam passado pela prova de qualificação. Foi uma questão de urgência.
DIÁRIO - A qualificação dos professores se reflete nas notas obtidas pelos alunos no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Por que os alunos do 1º ao 5º ano têm desempenho melhor que os matriculados no ciclo do 6º ao 9º?
PAULO RENATO - Por dois motivos. Primeiro porque no ciclo 1 do Fundamental, a escola é organizada de forma mais simples. Há um professor por classe, para todas as disciplinas, exceto Artes e Educação Física. E segundo porque, além disso, boa parte das unidades foram municipalizadas e a gestão feita pelas prefeituras é mais próxima. Portanto, mais eficiente. Já do 6º ao 9º anos é mais difícil, porque há um professor para cada disciplina. Num modelo ideal, o ensino do 1º ao 5º ano deveria estar somente nas mãos dos municípios. No ciclo 2, caberia ao Estado assumir as escolas em cidades pequenas, com menos de 20 mil habitantes. E todo o Ensino Médio ficaria integralmente nas mãos do Estado.
DIÁRIO - O senhor assumiu a secretaria há um ano. Quais foram as mudanças mais significativas que conseguiu realizar?
PAULO RENATO - A grande inovação foi definir um currículo para o Estado. Definimos o que é ensinado em cada um dos anos, os exercícios aplicados, e damos dicas de como ensinar. Isso supre um pouco da deficiência da formação do professor. E passa a ter objetivos claros para todos, para o aluno e para o professor. A mudança na forma de remuneração dos professores também foi um ponto positivo. Pagamos bônus para os profissionais da escola quando a unidade supera as metas estabelecidas. A valorização do magistério também passar pela bonificação individual. Criamos cinco faixas salariais, que o professor pode alcançar prestando exames. A cada faixa, damos 25% de aumento, e a cobrança também é maior. Um professor que tem 40 horas atribuídas e ganha inicialmente R$ 1.840. Antes, poderia chegar ao teto de R$ 3.200, depois de 25 anos de serviço. Agora, por esforço próprio, ele pode chegar a R$ 6.270. A meritocracia é boa para os profissionais e alavanca a qualidade, sem dúvida
Fonte: http://www.dgabc.com.br/

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