sábado, 21 de novembro de 2009

Pré-escola, só ser for boa

Monica Weinberg
Um novo conjunto de pesquisas sobre os efeitos da escola nos primeiros anos de vida de uma criança sugere uma reflexão que contraria o senso comum: enquanto basicamente todo mundo diz que a pré-escola é crucial para o desenvolvimento, tais estudos afirmam que isso só é verdade se ali forem contempladas duas necessidades básicas dessa fase. A primeira diz respeito ao tamanho das turmas, que devem ser enxutas o suficiente para garantir algo decisivo para o aprendizado de tais crianças: um atendimento ao mesmo tempo personalizado e afetivo – ou ainda, na definição do mineiro João Bastista Oliveira, doutor em psicologia do aprendizado, “um tipo de atenção que se assemelhe ao da mãe.”
Outro ponto decisivo remete aos estímulos que a escola é capaz de prover. Nessa etapa da vida, o mais importante, de acordo com o que já está provado cientificamente, é incentivar a curiosidade e apresentar à criança um repertório de palavras do qual ela se beneficiará ao longo de toda a sua trajetória escolar. Com dois anos de idade, há crianças que dominam um conjunto de 200 palavras, ao passo que outras já têm conhecimento de 600 delas. Essa diferença se explica justamente pelo tipo de empurrão dado a cada uma. É aí que a escola pode ser decisiva – ou inútil. O Brasil bate na tecla da inclusão de todos na pré-escola, mas deixa de lado a questão de maior relevo: sem um alto padrão, elas não terão qualquer efeito positivo para o aprendizado.
Fonte: http://veja.abril.com.br

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