terça-feira, 6 de outubro de 2009

Atores sociais discutem construção de políticas para Ensino Médio

Talita Mochiute
Clipping Educacional - Envolverde / Aprendiz
Construir uma agenda específica e bem estruturada para o Ensino Médio é um dos desafios da Educação Básica brasileira.
Para ampliar os debates sobre essa etapa do ensino, foi promovido o Seminário Nacional de Políticas para o Ensino Médio em Brasília (DF) entre 22 e 24 de setembro.
Proposto pela sociedade civil e organizado por diversas entidades em articulação com o Ministério da Educação (MEC), o evento reuniu professores, educadores, estudantes e representantes de comunidades indígena, quilombola e outras. “Foi um espaço para colocar em pauta questões como currículo e os sujeitos do Ensino Médio em sua diversidade e peculiaridade”, avaliou o diretor de concepções e orientações curriculares para Educação Básica do MEC, Carlos Artexes Simões. Para a socióloga e assessora da Ação Educativa, (acesse no http://www.acaoeducativa.org.br/portal/) Ana Paula Corti, o Seminário refletiu o movimento inicial de estados e ministério pautar o Ensino Médio como uma agenda. “Historicamente, as políticas para essa etapa de ensino nunca foram prioritárias. O grande foco sempre foi a universalização do Ensino Fundamental. A preocupação com o Ensino Médio é recente”.“O debate é incipiente. Precisamos aprofundá-lo em várias direções, principalmente com os atores. Há uma dificuldade enorme de mobilização da juventude que está na escola. Esse é um ponto que deve ser mais explorado”, lembrou a educadora do Centro Cultural Luiz Freire, Elisabete Ramos.Segundo o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o Seminário representou um avanço neste processo de debate para constituição de uma agenda nacional. “No entanto, uma das grandes fragilidades do evento foi a ausência dos estados. A presença dos gestores estaduais é fundamental para qualificar as políticas nos estados. Não pode haver timidez de se lançar nos debates”, ressaltou. “Os estados precisam apresentar suas demandas”, complementou Elisabete.
De acordo com Cara, é preciso firmar um regime de colaboração entre as três esferas. “MEC e estados devem, de fato, colaborar um com o outro para construírem e implementarem as políticas”. O coordenador da Campanha também defende que o Ensino Médio não pode ter uma solução única, mas global. “A melhoria passa por financiamento, infra-estrutura, atualização curricular, formação e valorização de professores”.
O diretor do MEC reforçou a importância da participação social para a agenda do Ensino Médio. “A sociedade civil tem o poder de pautar o Estado (federal e estaduais) para que ajuste suas políticas para o atendimento da clientela Ensino Médio, que é heterogênea e tem expectativas e necessidades diferentes e diferenciadas”.
Questões em debateAs principais questões em pauta no Seminário giraram em torno de dois eixos: público e currículo do Ensino Médio. “Há uma diversidade enorme de situações e juventudes”, comentou Ana Paula, lembrando das especificidades dos jovens do campo e da cidade. A socióloga reforçou ainda que o Ensino Médio não atende apenas estudantes de 15 a 17 anos, mas também adultos do ensino noturno regular e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Há ainda as comunidades indígenas, quilombolas e outras.
Além da diversidade sócio-cultural, a educadora do CCLF, localizado em Pernambuco, apontou que outro desafio das políticas é dar conta da diversidade regional. “Há ainda uma grande demanda por vagas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Essa situação deixa as turmas superlotadas nas grandes cidades. O número de alunos chega a 70 em algumas classes”, revelou.
O problema da superlotação afeta também o trabalho dos professores. “É impossível um professor atender uma demanda de mil alunos, pois chegam a dar aulas para 20 turmas com 50 alunos cada”, enfatizou Elisabete.
Outro desafio para as políticas é a atualização do currículo. De acordo com a educadora do CCLF, a revisão e a diversificação curricular devem tornar a escola mais atrativa aos jovens, colaborando assim com a diminuição dos índices de abandono.
“O trabalho como eixo organizador do currículo apareceu nas discussões. Também foi debatida a perspectiva de formação cidadã articulada ao direito à educação e ao trabalho”, disse a assessora da Ação Educativa.
Segundo Ana Paula, um ponto de convergência nas mesas de discussão foi aimportância de não atrelar o currículo às novas avaliações, como o novo ENEM. “Há uma perspectiva de que o ENEM promova mudanças de currículo. Não se pode deixar que a mudança seja pautada pelo exame”.
Próximas discussões
Para ampliar o debate sobre as políticas do Ensino Médio, o MEC deve realizar um encontro com os coordenadores estaduais até dezembro.Neste semestre, haverá ainda as etapas estaduais da Conferência Nacional de Educação (CONAE), que pretende gerar subsídios para o Plano Nacional de Educação. Para Daniel Cara, a CONAE é um espaço estratégico para as discussões de políticas públicas voltadas ao Ensino Médio.
Fonte: http://e-educador.com/

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