segunda-feira, 27 de julho de 2009

Procura de cursos para docente chega a ser 27 vezes maior que número de vagas

Rafael Targino
Clipping Educacional - Do G1, em Brasília
MEC nega deficiência no planejamento e diz que todos serão matriculados.
Plano quer formar mais de 330 mil professores que já dão aula até 2011.
Com pouco menos de uma semana para o fim das inscrições nos cursos do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica, já há casos em que a demanda chega a ser 27 vezes maior que o número de vagas disponíveis. A maioria deles está no Rio de Janeiro, mas, no Pará, o total de pré-inscritos em um curso de licenciatura é 14 vezes maior do que as vagas disponíveis.
O plano nacional vai até 2011 e pretende formar professores que dão aula na educação básica e não possuem graduação, docentes que dão aula em uma área diferente da que foram formados e aqueles que lecionam em suas áreas, mas não possuem licenciatura.
O ministério estima que esses grupos representem quase 32% dos 1,9 milhão de professores do país e quer colocar em universidades federais e estaduais e em outros institutos da União que oferecem graduação 331,4 mil docentes -52% deles em cursos presenciais.
A licenciatura em língua portuguesa presencial ministrada na capital fluminense e oferecida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é um exemplo: até as 13h desta segunda-feira (27), a quantidade de pedidos era 27 vezes maior que o total de vagas, segundo informações do próprio MEC. Pelos dados disponíveis na Plataforma Freire, criada para que os professores façam as inscrições online, 82 haviam entrado na disputa por três vagas.
O problema se repete no curso à distância de licenciatura em ciências biológicas da mesma UFRJ. No mesmo horário, o número de pré-inscrições era 17 vezes maior que o número de vagas, de acordo com informações do ministério -eram 155 pedidos contra apenas nove lugares disponíveis na capital do estado.
Na cidade de Duque de Caxias (RJ), o curso à distância de licenciatura em história, ministrado à distância pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), tinha no mesmo horário 182 pré-inscritos para oito vagas -ou seja, há quase 23 vezes mais docentes do que postos disponíveis.
Pará
No Pará ocorre discrepância semelhante. As pré-inscrições superam em mais de 14 vezes as vagas no curso presencial de licenciatura em pedagogia da Universidade do Estado do Pará. Já são 564 docentes disputando as 40 vagas disponíveis.
O contrário também acontece. No Piauí –que registrava até as 13h o menor número de pré-inscritos entre os estados participantes- há cursos em que não houve nenhum pedido.
Todas as vagas são oferecidas por institutos de educação superior, que enviaram ao MEC suas previsões de oferta após o órgão identificar as demandas.
O secretário de Educação a Distância do ministério, Carlos Eduardo Bielschowsky, nega que tenha havido falta de planejamento e diz que todos os professores terão acesso às vagas –neste ou nos próximos semestres. “O quadro que vai emanar [das inscrições] vai ajudar a redesenhar o sistema. Este é um primeiro momento do projeto”, afirma.
De acordo com o secretário, em uma situação extrema, os professores podem até ser alocados no primeiro semestre de 2012, depois da previsão inicial para o fim do projeto.
Quem entra
Após um período de baixa adesão –na quinta-feira (23), somente 30% das vagas haviam sido solicitiadas-, o número de inscritos cresceu. Até a noite do domingo (27), segundo Bielschowsky, 33 mil professores haviam se pré-inscrito no sistema e, até as 12h30 desta segunda, 43.409 vagas haviam sido pedidas -75,12% das 57.784 disponíveis.
A escolha de quem vai ocupar as vagas será feita pelas secretarias estaduais de educação. Cada uma delas determina o método de escolha. Cada professor poderá ocupar somente uma vaga. As pré-inscrições terminam na próxima sexta-feira (31) e os estados têm até o dia 7 de agosto para alocar os docentes. Nesta segunda, o ministério lançou um guia para auxiliar os professores.
O sistema apresentou lentidão na manhã desta segunda mas, de acordo com Bielschowsky, o problema já foi resolvido. A princípio, diz o secretário, o MEC não trabalha com a possibilidade de estender o prazo de pré-inscrições.

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