Fábio Mazzitelli
Estudo relaciona infrações e desempenhos dos estudantes no Saresp
Clipping Educacional - O Estado de São Paulo (24.06.2009)
Quatro em cada dez escolas com melhor desempenho na rede paulista de ensino já registraram casos de violência. No grupo das unidades com piores notas, a proporção é mais alta: seis em dez tiveram episódios violentos. Os números fazem parte do mais recente trabalho sobre violência nas escolas estaduais, apresentado na sede do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) pelo pesquisador Naercio Menezes Filho. O problema é tido pela Secretaria Estadual da Educação como um dos principais da rede no Estado, que abriga cerca de 5,5 milhões de alunos em 5.300 unidades. "Não há dúvida de que há hoje uma invasão da violência externa nos muros das escolas", diz o secretário adjunto, Guilherme Bueno.
Bueno admite que o Estado ainda não conhece o problema "com precisão". "Então, uma das medidas no Sistema de Proteção Escolar que montamos aqui foi criar um sistema de registro de ocorrências, que já está funcionando desde o dia 1º, para possamos ter informações e estatísticas, dados confiáveis para entender e dimensionar a questão", diz.
Para ter ideia do impacto dos episódios violentos sobre o desempenho dos estudantes, o pesquisador Menezes Filho cruzou dois grupos de informações obtidos no último Saresp: as notas médias dos colégios no exame de avaliação com as respostas aos questionários aplicados a diretores das unidades, o que também faz parte do Saresp. No estudo, foram verificadas notas médias de matemática de alunos de 8ª série de 366 escolas estaduais, mostra que continha os 10% melhores e os 10% piores desempenhos. Os relatos de violência alcançaram 42% do grupo dos melhores, o que o pesquisador diz ser "bem impressionante".
"Esperava que não houvesse (violência nas melhores escolas)", diz Menezes Filho, um dos criadores do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). "Fazendo as regressões estatísticas e separando a influência de outros fatores, a violência tem um impacto significativo na proficiência (competência escolar)."
Os dados disponíveis no Saresp de 2008 permitiram ao pesquisador também dimensionar a abrangência de atos específicos. Em infrações como roubo, depredações e pichações, algumas das mais cometidas por estudantes, metade dos colégios estaduais com melhores notas no exame estadual relatou problemas, porcentual que sobe para 76% no grupo com as piores notas.
Além da violência, Naercio Menezes Filho ainda cruzou outros indicadores considerados importantes para a melhora da qualidade do ensino na rede pública, como a fixação de diretores e professores nas unidades, a falta dos docentes e o acesso a computadores. Os colégios com melhores desempenhos têm profissionais da educação com mais tempo no cargo, professores que faltam menos e alunos com mais chances de acesso ao computador em casa. "O conjunto desses indicadores forma variáveis de gestão bem claras que podem ser trabalhadas para recuperar as escolas com piores desempenhos", afirma o pesquisador.
Para Luiz Gonzaga de Oliveira, presidente do sindicato dos diretores do Estado (Udemo), a violência nas escolas acaba também refletindo em outros fatores, como a rotatividade dos profissionais. "Porque nas regiões mais violentas o diretor não fica", diz. "Se a comunidade participar da vida escolar, será ela quem vai fazer a defesa contra a violência, externa e interna."
Líder do sindicato dos professores (Apeoesp), Maria Izabel Noronha diz que a violência está ligada à perda de autoridade docente. "Tiraram a autoridade do professor. É necessária uma campanha para ele que volte a ser reconhecido."
Bueno admite que o Estado ainda não conhece o problema "com precisão". "Então, uma das medidas no Sistema de Proteção Escolar que montamos aqui foi criar um sistema de registro de ocorrências, que já está funcionando desde o dia 1º, para possamos ter informações e estatísticas, dados confiáveis para entender e dimensionar a questão", diz.
Para ter ideia do impacto dos episódios violentos sobre o desempenho dos estudantes, o pesquisador Menezes Filho cruzou dois grupos de informações obtidos no último Saresp: as notas médias dos colégios no exame de avaliação com as respostas aos questionários aplicados a diretores das unidades, o que também faz parte do Saresp. No estudo, foram verificadas notas médias de matemática de alunos de 8ª série de 366 escolas estaduais, mostra que continha os 10% melhores e os 10% piores desempenhos. Os relatos de violência alcançaram 42% do grupo dos melhores, o que o pesquisador diz ser "bem impressionante".
"Esperava que não houvesse (violência nas melhores escolas)", diz Menezes Filho, um dos criadores do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). "Fazendo as regressões estatísticas e separando a influência de outros fatores, a violência tem um impacto significativo na proficiência (competência escolar)."
Os dados disponíveis no Saresp de 2008 permitiram ao pesquisador também dimensionar a abrangência de atos específicos. Em infrações como roubo, depredações e pichações, algumas das mais cometidas por estudantes, metade dos colégios estaduais com melhores notas no exame estadual relatou problemas, porcentual que sobe para 76% no grupo com as piores notas.
Além da violência, Naercio Menezes Filho ainda cruzou outros indicadores considerados importantes para a melhora da qualidade do ensino na rede pública, como a fixação de diretores e professores nas unidades, a falta dos docentes e o acesso a computadores. Os colégios com melhores desempenhos têm profissionais da educação com mais tempo no cargo, professores que faltam menos e alunos com mais chances de acesso ao computador em casa. "O conjunto desses indicadores forma variáveis de gestão bem claras que podem ser trabalhadas para recuperar as escolas com piores desempenhos", afirma o pesquisador.
Para Luiz Gonzaga de Oliveira, presidente do sindicato dos diretores do Estado (Udemo), a violência nas escolas acaba também refletindo em outros fatores, como a rotatividade dos profissionais. "Porque nas regiões mais violentas o diretor não fica", diz. "Se a comunidade participar da vida escolar, será ela quem vai fazer a defesa contra a violência, externa e interna."
Líder do sindicato dos professores (Apeoesp), Maria Izabel Noronha diz que a violência está ligada à perda de autoridade docente. "Tiraram a autoridade do professor. É necessária uma campanha para ele que volte a ser reconhecido."
fonte:http://e-educador.com/
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