sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pesquisa realizada em 501 escolas públicas de todo o país, revelou que 99,3% dessas pessoas demonstram algum tipo de preconceito

Flávio Albuquerque
Pesquisa realizada em 501 escolas públicas de todo o país, baseada em entrevistas com mais de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, revelou que 99,3% dessas pessoas demonstram algum tipo de preconceito
fonte: Agência Brasil / Uol (17.06.2009)
São preconceitos de ordem étnico-racial, socioeconômico, com relação a portadores de necessidades especiais, gênero, geração, orientação sexual ou territorial.O estudo, divulgado nesta quarta-feira (17), em São Paulo, e pioneiro no Brasil, foi realizado com o objetivo de dar subsídios para a criação de ações que transformem a escola em um ambiente de promoção da diversidade e do respeito às diferenças.IntensidadeDe acordo com a pesquisa Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a pedido do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 96,5% dos entrevistados têm preconceito com relação a portadores de necessidades especiais, 94,2% têm preconceito étnico-racial, 93,5% de gênero, 91% de geração, 87,5% socioeconômico, 87,3% com relação à orientação sexual e 75,95% têm preconceito territorial.Segundo o coordenador do trabalho, José Afonso Mazzon, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), a pesquisa conclui que as escolas são ambientes onde o preconceito é bastante disseminado entre todos os atores. "Não existe alguém que tenha preconceito em relação a uma área e não tenha em relação a outra. A maior parte das pessoas tem de três a cinco áreas de preconceito. O fato de todo indivíduo ser preconceituoso é generalizada e preocupante", disse.Com relação à intensidade do preconceito, o estudo avaliou que 38,2% têm mais preconceito com relação ao gênero e que isso parte do homem com relação à mulher. Com relação à geração (idade), 37,9% têm preconceito principalmente com relação aos idosos. A intensidade da atitude preconceituosa chega a 32,4% quando se trata de portadores de necessidades especiais e fica em 26,1% com relação à orientação sexual, 25,1% quando se trata de diferença socioeconômica, 22,9% étnico-racial e 20,65% territorial.AnáliseO estudo indica ainda que 99,9% dos entrevistados desejam manter distância de algum grupo social. Os deficientes mentais são os que sofrem maior preconceito com 98,9% das pessoas com algum nível de distância social, seguido pelos homossexuais com 98,9%, ciganos (97,3%), deficientes físicos (96,2%), índios (95,3%), pobres (94,9%), moradores da periferia ou de favelas (94,6%), moradores da área rural (91,1%) e negros (90,9%).De acordo com o diretor de Estudos e Acompanhamentos da Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) do MEC (Ministério da Educação), Daniel Chimenez, o resultado desse estudo será analisado detalhadamente uma vez que o MEC já demonstrou preocupação com o tema e com a necessidade de melhorar o ambiente escolar e de ampliar ações de respeito à diversidade."No MEC já existem iniciativas nesse sentido [de respeito à diversidade], o que precisa é melhorar, aprofundar, alargar esse tipo de abordagem, talvez até para a criação de um possível curso de ambiente escolar que reflita todas essas temáticas em uma abordagem integrada", disse.
Prioridade para a 1ª infância

Crianças que freqüentam a pré-escola, até 3 anos, têm 32% a mais de chances de concluir o ensino médio, segundo dados divulgados ontem, no Rio de Janeiro, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Ao defender os esforços que o país tem realizado para ampliar o número de creches, ele disse que se for mantido o número de matrículas efetuadas, o Brasil deverá ter a universalização da pré-escola até 2014.
"Esse é um dado muito importante em termos de impacto. Por isso, temos que aumentar a rede física de creches públicas e a de creches conveniadas. Muitas vezes, a fotografia com o problema só é revelada quando a pessoa tem 15 anos, mas ele já existe desde os três ou aos seis anos'', disse Haddad. "Para mudar essa realidade, vamos ter que fazer o caminho de volta e pensar na pré-escola, na educação de zero a 3 anos e, sobretudo, na alfabetização", afirmou ele, ao participar da abertura da Conferência Global sobre Desenvolvimento na Primeira Infância.
Investimentos
A ampliação de investimentos na pré-escola também foi defendida pela secretária municipal de Educação do Rio, Cláudia Costin. Segundo ela, estudos apontam que medidas com esse objetivo permitem não apenas ganhos no desenvolvimento das crianças como reduzem gastos futuros que o Estado tem para recuperar deficiências educacionais que são reveladas ao longo da vida.
"Aqui no nosso município, por exemplo, temos 28 mil analfabetos funcionais entre os alunos do quarto, quinto e sexto ano do ensino fundamental. Além disso, mais de 40% das crianças matriculadas na rede pública precisam de reforço em matemática e mais de 25% em português'', comentou. A secretária também informou que o município pretende dobrar, nos próximos anos, o número de creches. Hoje, elas totalizam 2 instituições.

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