quarta-feira, 29 de abril de 2009

Alunos de baixa renda são os 'campeões do Enem' no estado de SP

Silvia Ribeiro
Clipping Educacional - Do G1, em São Paulo
'Tenho grande chance de alcançar meu objetivo', diz Celice Rocha, estudante da escola com melhor desempenho no Enem, que vai prestar direito (Foto: Reprodução)
As melhores notas no Enem no estado de São Paulo foram obtidas por alunos de baixa renda de São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. O Colégio Eng. Juarez de Siqueira Britto Wanderley, mantido pela Embraer, alcançou a média 76,02, o que lhe rendeu a 8ª posição no ranking nacional das escolas de ensino médio. A escola seleciona todos os anos, por meio de prova, 200 estudantes que cursaram da 5ª a 8ª série do ensino fundamental na rede pública.
“Aqui você sonha em conjunto. A escola ajuda a levar seu sonho a frente. O estímulo surge daí, do interesse de conseguir uma vaga na faculdade”, diz a aluna Celice Rocha, de 17 anos.
Os estudantes, que enfrentam concorrência de 25 a 30 alunos por vaga para ingressar na escola, não pagam mensalidade e têm uniforme, transporte e alimentação gratuitos. A escola, de período integral, investe em atividades fora do currículo acadêmico, como programas de alternativas sustentáveis e visitas a museus e teatros na capital paulista.
“São alunos de destaque, com capacidade intelectual alta e que estariam desperdiçados se continuassem nas escolas que estavam estudando. Estamos formando cidadãos, pessoas melhores e autônomas que terão presença de destaque na comunidade”, diz o diretor do Instituto Embraer de Educação e Pesquisa, Pedro Ferraz. Segundo ele, a proposta pedagógica é construída juntamente com a Rede Pitágoras de Ensino.
Para recuperar possível deficiência herdada de escolas públicas, o colégio investe em reforço e carga horária ampla, das 7h30 às 17h30. A orientação vocacional, com laboratórios que mostram ao aluno o que ele encontrará na faculdade, é outra preocupação. Exemplo disso é o projeto elaborado pelo Instituto Sírio Libanês que introduz os estudantes a conceitos da medicina.
“Dentro da escola a gente tem várias atividades extra-aula com os professores. E a aula é mais dinâmica. Enfoca tanto o vestibular quanto o conhecimento que a gente precisa ter na vida, como cidadãos”, afirma José Henrique Oliveira, de 17 anos.
Líder das escolas públicas
A direção do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (Cefet-SP), instituição melhor colocada entre as escolas públicas do estado (média de 73,38), atribui a posição no ranking à qualificação dos professores e aos investimentos federais em reformas e melhorias dos laboratórios. “Por ser um colégio público (federal), é claro que temos problemas, mas tenho um gosto especial pelos laboratórios e equipamentos de ponta que podemos utilizar aqui”, diz Bruno Napoli, de 16 anos. Para os alunos, a liberdade de poder escolher entre assistir ou não às aulas desenvolve senso de responsabilidade. “Eu acho que o melhor da Cefet é que a gente tem liberdade, quem entra na sala de aula quer mesmo estudar e se esforça”, diz Guilherme Bortolini, de 17 anos.
As 'lanterninhas'
O Colégio Seta, de Osasco, na Grande São Paulo, teve o pior desempenho entre as escolas particulares de ensino médio regular no estado de São Paulo (média de 46,72). A assessoria de imprensa da escola preferiu não se manifestar.
Já a Escola Estadual Mário Guilherme Notari, de Sorocaba, no interior de São Paulo, obteve a menor média entre as escolas públicas (32,29). A direção do colégio não quis conceder entrevista, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação.
"É fundamental ressaltar que o Enem não serve para avaliar escolas, pois é um exame por adesão. Ou seja, faz quem quer, e não todos os alunos", afirmou a secretaria por meio de nota à imprensa.

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