quinta-feira, 26 de março de 2009

Poucos aprendem na melhor região de SP, revelam dados

Renata Cafardo, Simone Iwasso e Sergio Pompeu
Clipping Educacional - AE - Agencia Estado
SÃO PAULO - Mesmo estudando na região mais bem avaliada da cidade de São Paulo e tendo melhorado o desempenho de um ano para outro, a maioria dos alunos de escolas estaduais de bairros como Vila Mariana, Morumbi e Lapa não domina o conteúdo da série em que está. O jornal O Estado de S. Paulo tabulou os dados do desempenho em português e matemática dessa região, melhor colocada no Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp) na capital, e o resultado mostra que mesmo melhorando as notas de 2007 para 2008, só uma minoria chega hoje a níveis considerados adequados de aprendizagem.Isso quer dizer que muitos da 4ª série não conseguem transformar metros em centímetros. No 3º ano do ensino médio, eles não resolvem equação de segundo grau. Os piores resultados, tanto no ensino fundamental quanto no médio, aparecem em matemática. Todas as escolas da região centro-oeste têm mais da metade dos alunos da 8ª série e do 3º ano do ensino médio sabendo menos do que deveriam, ou seja, estão nos níveis básico e abaixo do básico. Neste último, eles não conseguem, por exemplo, fazer conta que envolva multiplicação e adição.
Em 2007, 40% dos alunos da 4ª série tinham conhecimentos abaixo do básico. Em 2008, o índice melhorou: 30% nesse nível. É preciso levar em conta que as mudanças na educação são de médio e longo prazo?, pondera a educadora Silvia Colello, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). As ações adotadas nos últimos tempos terão reflexos apenas nos próximos anos. O que estamos vendo ainda é resultado de anos de problemas acumulados, explica. Para a educadora, os resultados dos próximos anos tendem a melhorar, com a formação de novas turmas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
COMPETÊNCIAS
No 3º ano do médio, o índice máximo de alunos no nível avançado aparece na escola Alberto Torres. Cerca de 11% deles conseguiriam perceber metáforas em um poema, por exemplo (mais informações nesta pág.). Em 7 das 38 escolas de ensino médio da região não há nenhum estudante nos níveis adequado e avançado.
Na 8ª série, a escola Professora Paula Vizibeli Piero não tem nenhum aluno com conhecimento adequado em matemática. Eles não subtraem centenas nem localizam objetos em um mapa. Em língua portuguesa, apenas 12% deles estão no nível satisfatório e avançado.
A 4ª série tem os melhores índices, mas também concentra a maioria de seus alunos nos piores níveis. A Escola de Aplicação, mantida pela Universidade de São Paulo, tem 31% dos estudantes no nível avançado em português, um recorde entre todas as séries. Essas crianças, aos 10 anos, reconhecem o efeito do uso do ponto de exclamação em um texto. A região centro-oeste - assim como as outras 12 da capital - inclui ainda bairros como Alto de Pinheiros, Itaim Bibi e Vila Madalena. O Idesp médio das cerca de 80 escolas foi o maior nos três ciclos.
Índice leva em conta português e matemática
O Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) é calculado anualmente pela Secretaria de Estado da Educação com base em dois dados básicos: a nota de português e matemática que os alunos tiram no Saresp, prova aplicada todos os anos, e a quantidade de alunos que está na série correta para sua idade (fluxo escolar).
Com esses dados, a secretaria cria um indicador para as séries iniciais (de 1.ª a 4.ª) e finais do ensino fundamental (5.ª a 8.ª) e para o ensino médio. A pontuação que o aluno tira no Saresp permite situá-lo em uma escala de conhecimentos de língua portuguesa e matemática. Por exemplo, se ele tem menos de 125 pontos na prova, isso quer dizer que não domina sequer o conhecimento mais básico avaliado pela prova. Com uma pontuação dessas, ele entra para o nível dos alunos que estão abaixo do básico.
Se na 4.ª série ele tem uma pontuação entre 150 e 200 pontos, o conhecimento é básico - sabe parte do que deveria saber para a série, mas não todo o conteúdo. A escala tem pontuações diferentes para cada nível de ensino e para cada disciplina. As notas gerais do Saresp de 2008, que permitirão traçar o retrato do Estado, não foram divulgadas pela secretaria. Para fazer o cálculo da região centro-oeste, a reportagem usou as notas que estão no boletim do Idesp na internet.

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