Governo paulista divulga indicador de desempenho das escolas públicas do Estado
Clipping Educacional - Folha de São Paulo/Diário do Grande ABC e Agora SP (19.03.2009)
Foi verificado um aumento de 38% de um ano para outro e nota do ensino médio fica em 1,95, na escala de 0 a 10. Embora o resultado tenha sido comemorado pela administração José Serra (PSDB), foi visto com certa preocupação pelos educadores
Dados divulgados ontem pelo governo paulista - o Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo( Idesp). apontam que as escolas estaduais do ensino médio tiveram um salto de qualidade em um ano, embora continuem bem longe da meta ideal estipulada pela própria Secretaria da Educação. O ensino fundamental estagnou.
O resultado foi comemorado pelo governo José Serra (PSDB), mas visto com certa preocupação por educadores. Os números têm como base o Idesp, indicador criado em 2007 que, a partir deste ano, será usado para balizar o pagamento de bônus por desempenho a professores e servidores.No entanto, para o jornal Agora (19.03.2009), o ensino público de São Paulo é nota vermelha, de novo. A maioria das escolas do Estado não conseguiu alcançar sequer média 4 no ranking 2008 do Idesp, em uma escala que vai de zero a dez. Em 2007, a situação também estava longe da ideal. A opinião do jornal Diário do Grande ABC (19.03.2009) é semelhante: apesar do cenário parecer positivo, especialistas apontam a hipótese do Estado ter definido metas muito fáceis, o que pode mascarar uma real evolução na qualidade do ensino.
Além disso, as médias gerais do indicador continuam ínfimas. De zero a dez, o primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série) no Estado subiu de 3,23 para 3,25. No segundo ciclo (5ª a 8ª série), o avanço também foi tímido: aumentou de 2,54 para 2,60. A maior evolução ocorreu no índice do Ensino Médio, que de 1,41 chegou a 1,95 neste ano.
O índice considera o rendimento dos alunos em português e matemática em exame estadual (Saresp) e o número de alunos que se forma no tempo ideal (evasão e repetência). As informações são convertidas em escala de 0 a 10. De um ano para outro, o ensino médio melhorou 38%. O índice subiu de 1,41 para 1,95, mas ainda está bem abaixo da meta de 5 para 2030, que seria equivalente ao de países desenvolvidos.
Por outro lado, ficaram estagnados os ciclos de 1ª a 4ª série (3,23 para 3,25) e de 5ª a 8ª (de 2,54 para 2,60). As metas são, respectivamente, 7 e 6. O ensino fundamental da rede estadual de São Paulo avançou muito pouco no último ano, segundo dados divulgados ontem pelo governo do Estado. O Idesp dos alunos de 1ª a 8ª série aumentou menos de 3% entre 2007 e 2008 e sequer chegou a nota 4, numa escala de 0 a 10. O cálculo do indicador leva em conta o desempenho dos estudantes numa prova feita pelo governo, o Saresp, e a quantidade de alunos na série correta para a idade.O governo não divulgou os dados que formam o indicador. Assim, não é possível saber quais pontos melhoraram ou pioraram - português, matemática, evasão ou repetência. A promessa é mostrá-los em abril. "O avanço do ensino médio ocorreu principalmente devido à melhora no Saresp [provas de português e matemática]", afirmou à Folha a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
Para a secretária, "os resultados foram muito positivos". Maria Helena destacou o número de escolas de ensino médio que melhoraram (88,2%). "Foi acima das expectativas, porque no país todo o ensino médio é considerado o nível com mais problemas." Uma das ações que surtiram efeito, diz, foram as aulas de reforço no terceiro ano do ensino médio.
Sobre o desempenho de primeira a oitava séries, ela disse considerar um "resultado fantástico, pois mais da metade das escolas melhoraram". Maria Helena diz que fará uma pesquisa com as escolas que recuaram para poder ajudá-las. Avançaram no indicador 51% das unidades de primeira a quarta e 55,8% das de quinta a oitava. Por outro lado, pioraram ou apenas mantiveram o desempenho 49% das escolas de primeira a quarta e 44,2% de quinta a oitava.O que dizem os especialistas
O pesquisador da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse afirma ser "preocupante uma estagnação no alicerce de toda a educação [primeira a quarta séries]" -a média da rede não avançou. Para ele, "os resultados indicam que programas como o Ler e Escrever [que prevê material didático especial, capacitação e dois educadores na primeira série] não têm funcionado". Presidente-executivo do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves disse que "a melhora no ensino médio é impressionante, com a ressalva de que partiu de patamar muito baixo". "Mas acendeu a luz vermelha para primeira a quarta."Para a educadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ângela Soligo, o ensino médio melhorou porque o Estado criou um material didático, com apostilas para professor e aluno sobre o conteúdo a ser aprendido, o que "engessa" o ensino. "O material tem tópicos detalhados, inclui questões que o professor deve fazer, as possíveis respostas do aluno e qual deve ser o passo seguinte. O aluno vai sendo preparado para o Saresp. É como se faz para preparar para o vestibular", critica.
Para a educadora da USP Silvia Colello, o pouco avanço do fundamental mostra que o nível chegou a uma situação-limite e as medidas tomadas não resolveram. "Para se obter resultados melhores nos anos iniciais, são necessárias mudanças mais aprofundadas, como na carreira e capacitação dos professores, redução da burocracia nas escolas e até na estrutura física das unidades."
"Desconfio destas metas porque os instrumentos para alcançá-las podem ser suspeitos, assim como os cursinhos aplicados para que os alunos tirem notas boas no Saresp. O resultado é artificial. Todos nós sabemos que em São Paulo tem criança na escola aprendendo muito pouco", diz Maria Márcia Sigrist Malavasi, especialista em avaliação de sistemas e coordenadora do curso de Pedagogia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O professor de Educação da USP (Universidade de São Paulo) Vitor Henrique Paro, considera que a falha do indicador está no Saresp, base da criação do Idesp. "O Saresp não afere aprendizado de educação, e sim retenção de alguma informação por certo tempo. O aluno pode tirar dez na prova, mas depois de duas semanas não sabe mais nada."
Para professora de Educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Isabel Franchi Cappelletti a análise deveria ser de preocupação. "Não dá para ficar contente com um passo de tartaruga. O momento não é de comemoração, mas de planejamento para que as mudanças sejam rápidas", diz
A presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, reclama da falta de investimento do governo. "O pouco de qualidade que temos ainda é graças aos professores", diz. "Violência, falta de estrutura e excesso de alunos são só alguns dos problemas enfrentados."Mesmo para o professor Francisco Soares, coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais e que foi um dos principais especialistas-contribuintes da Secretaria da Educação na definição do Idesp, não é possível saber o quanto se aprendeu, porque o resultado obtido pelos alunos nas provas de português e matemática não foi divulgado - a secretaria promete fazê-lo em abril. O que veio à luz foi só o quociente de uma conta de dividir, em que as notas nessas provas foram divididas por um indicador de "fluxo escolar", que mede evasão e repetência. Soares admite que a forma escolhida para calcular o Idesp pode levar a "melhorias ilusórias". Uma escola que não tenha melhorado nem um centésimo no conhecimento adquirido pelos alunos pode apresentar resultados melhores no Idesp, bastando que ela aprove mais alunos. Com isso, o denominador da fração diminui, e o quociente geral aumenta.
Recentemente, o governo iniciou o programa Ler e Escrever na fase de alfabetização das crianças. Uma das ações foi a inclusão de estagiário nas classes de 1º ano para ajudar o professor. Para o especialista da USP Ocimar Munhoz, o Idesp mostra que o programa ainda não atingiu os resultados esperados. "É preciso olhar com atenção para o início do processo de escolarização porque os grandes desafios educacionais estão nessa etapa. "
O governo não fez ranking das escolas. A Folha tabulou os boletins das unidades da capital. As notas de 55% das escolas de 1ª a 4ª série subiram, mas 58,7% não atingiram a meta de 2008. De 5ª a 8ª, 56% elevaram as notas, mas 42,2% ficaram aquém da meta de 2008. Já no ensino médio 84,6% das escolas melhoraram suas notas e 78,7% atingiram a meta.
Dados divulgados ontem pelo governo paulista - o Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo( Idesp). apontam que as escolas estaduais do ensino médio tiveram um salto de qualidade em um ano, embora continuem bem longe da meta ideal estipulada pela própria Secretaria da Educação. O ensino fundamental estagnou.
O resultado foi comemorado pelo governo José Serra (PSDB), mas visto com certa preocupação por educadores. Os números têm como base o Idesp, indicador criado em 2007 que, a partir deste ano, será usado para balizar o pagamento de bônus por desempenho a professores e servidores.No entanto, para o jornal Agora (19.03.2009), o ensino público de São Paulo é nota vermelha, de novo. A maioria das escolas do Estado não conseguiu alcançar sequer média 4 no ranking 2008 do Idesp, em uma escala que vai de zero a dez. Em 2007, a situação também estava longe da ideal. A opinião do jornal Diário do Grande ABC (19.03.2009) é semelhante: apesar do cenário parecer positivo, especialistas apontam a hipótese do Estado ter definido metas muito fáceis, o que pode mascarar uma real evolução na qualidade do ensino.
Além disso, as médias gerais do indicador continuam ínfimas. De zero a dez, o primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série) no Estado subiu de 3,23 para 3,25. No segundo ciclo (5ª a 8ª série), o avanço também foi tímido: aumentou de 2,54 para 2,60. A maior evolução ocorreu no índice do Ensino Médio, que de 1,41 chegou a 1,95 neste ano.
O índice considera o rendimento dos alunos em português e matemática em exame estadual (Saresp) e o número de alunos que se forma no tempo ideal (evasão e repetência). As informações são convertidas em escala de 0 a 10. De um ano para outro, o ensino médio melhorou 38%. O índice subiu de 1,41 para 1,95, mas ainda está bem abaixo da meta de 5 para 2030, que seria equivalente ao de países desenvolvidos.
Por outro lado, ficaram estagnados os ciclos de 1ª a 4ª série (3,23 para 3,25) e de 5ª a 8ª (de 2,54 para 2,60). As metas são, respectivamente, 7 e 6. O ensino fundamental da rede estadual de São Paulo avançou muito pouco no último ano, segundo dados divulgados ontem pelo governo do Estado. O Idesp dos alunos de 1ª a 8ª série aumentou menos de 3% entre 2007 e 2008 e sequer chegou a nota 4, numa escala de 0 a 10. O cálculo do indicador leva em conta o desempenho dos estudantes numa prova feita pelo governo, o Saresp, e a quantidade de alunos na série correta para a idade.O governo não divulgou os dados que formam o indicador. Assim, não é possível saber quais pontos melhoraram ou pioraram - português, matemática, evasão ou repetência. A promessa é mostrá-los em abril. "O avanço do ensino médio ocorreu principalmente devido à melhora no Saresp [provas de português e matemática]", afirmou à Folha a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
Para a secretária, "os resultados foram muito positivos". Maria Helena destacou o número de escolas de ensino médio que melhoraram (88,2%). "Foi acima das expectativas, porque no país todo o ensino médio é considerado o nível com mais problemas." Uma das ações que surtiram efeito, diz, foram as aulas de reforço no terceiro ano do ensino médio.
Sobre o desempenho de primeira a oitava séries, ela disse considerar um "resultado fantástico, pois mais da metade das escolas melhoraram". Maria Helena diz que fará uma pesquisa com as escolas que recuaram para poder ajudá-las. Avançaram no indicador 51% das unidades de primeira a quarta e 55,8% das de quinta a oitava. Por outro lado, pioraram ou apenas mantiveram o desempenho 49% das escolas de primeira a quarta e 44,2% de quinta a oitava.O que dizem os especialistas
O pesquisador da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse afirma ser "preocupante uma estagnação no alicerce de toda a educação [primeira a quarta séries]" -a média da rede não avançou. Para ele, "os resultados indicam que programas como o Ler e Escrever [que prevê material didático especial, capacitação e dois educadores na primeira série] não têm funcionado". Presidente-executivo do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves disse que "a melhora no ensino médio é impressionante, com a ressalva de que partiu de patamar muito baixo". "Mas acendeu a luz vermelha para primeira a quarta."Para a educadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ângela Soligo, o ensino médio melhorou porque o Estado criou um material didático, com apostilas para professor e aluno sobre o conteúdo a ser aprendido, o que "engessa" o ensino. "O material tem tópicos detalhados, inclui questões que o professor deve fazer, as possíveis respostas do aluno e qual deve ser o passo seguinte. O aluno vai sendo preparado para o Saresp. É como se faz para preparar para o vestibular", critica.
Para a educadora da USP Silvia Colello, o pouco avanço do fundamental mostra que o nível chegou a uma situação-limite e as medidas tomadas não resolveram. "Para se obter resultados melhores nos anos iniciais, são necessárias mudanças mais aprofundadas, como na carreira e capacitação dos professores, redução da burocracia nas escolas e até na estrutura física das unidades."
"Desconfio destas metas porque os instrumentos para alcançá-las podem ser suspeitos, assim como os cursinhos aplicados para que os alunos tirem notas boas no Saresp. O resultado é artificial. Todos nós sabemos que em São Paulo tem criança na escola aprendendo muito pouco", diz Maria Márcia Sigrist Malavasi, especialista em avaliação de sistemas e coordenadora do curso de Pedagogia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O professor de Educação da USP (Universidade de São Paulo) Vitor Henrique Paro, considera que a falha do indicador está no Saresp, base da criação do Idesp. "O Saresp não afere aprendizado de educação, e sim retenção de alguma informação por certo tempo. O aluno pode tirar dez na prova, mas depois de duas semanas não sabe mais nada."
Para professora de Educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Isabel Franchi Cappelletti a análise deveria ser de preocupação. "Não dá para ficar contente com um passo de tartaruga. O momento não é de comemoração, mas de planejamento para que as mudanças sejam rápidas", diz
A presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, reclama da falta de investimento do governo. "O pouco de qualidade que temos ainda é graças aos professores", diz. "Violência, falta de estrutura e excesso de alunos são só alguns dos problemas enfrentados."Mesmo para o professor Francisco Soares, coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais e que foi um dos principais especialistas-contribuintes da Secretaria da Educação na definição do Idesp, não é possível saber o quanto se aprendeu, porque o resultado obtido pelos alunos nas provas de português e matemática não foi divulgado - a secretaria promete fazê-lo em abril. O que veio à luz foi só o quociente de uma conta de dividir, em que as notas nessas provas foram divididas por um indicador de "fluxo escolar", que mede evasão e repetência. Soares admite que a forma escolhida para calcular o Idesp pode levar a "melhorias ilusórias". Uma escola que não tenha melhorado nem um centésimo no conhecimento adquirido pelos alunos pode apresentar resultados melhores no Idesp, bastando que ela aprove mais alunos. Com isso, o denominador da fração diminui, e o quociente geral aumenta.
Recentemente, o governo iniciou o programa Ler e Escrever na fase de alfabetização das crianças. Uma das ações foi a inclusão de estagiário nas classes de 1º ano para ajudar o professor. Para o especialista da USP Ocimar Munhoz, o Idesp mostra que o programa ainda não atingiu os resultados esperados. "É preciso olhar com atenção para o início do processo de escolarização porque os grandes desafios educacionais estão nessa etapa. "
O governo não fez ranking das escolas. A Folha tabulou os boletins das unidades da capital. As notas de 55% das escolas de 1ª a 4ª série subiram, mas 58,7% não atingiram a meta de 2008. De 5ª a 8ª, 56% elevaram as notas, mas 42,2% ficaram aquém da meta de 2008. Já no ensino médio 84,6% das escolas melhoraram suas notas e 78,7% atingiram a meta.
fonte:http://e-educador.com/
Minha escola tem Ensino Fundamental e Ensino Médio. Bem! No Fundamental conseguiu apenas 25 da meta 2008 e o Médio atingiu 120 da meta. Como calcular?
ResponderExcluirestes percentuais tratam do %da meta da escola, para saber o quanto realmente sua escola se superou em relação ao ano anterior, deverá dividir o resultado do IDESP do ano de 2008 pelo do ano de 2007 subtrair o valor 1 e depois multiplicar por 100. ((IDESP2008/IDESP2007)-1)*100. Se o valor der negativo (significa o percentual que a escola recuou em relação ao ano de 2007.
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