quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SP reduz em 40% número de escolas do fundamental em período integral

 Paulo Saldana
Clipping Educacional - O Estado de S. Paulo
Criado em 2006 por Geraldo Alckmin (PSDB) como aposta para o ensino fundamental, o programa Escola em Tempo Integral do Estado de São Paulo reduziu sua presença na rede em 40% e hoje está em apenas 309 escolas.
Criado em 2006 por Geraldo Alckmin (PSDB) como aposta para o ensino fundamental, o programa Escola em Tempo Integral do Estado de São Paulo reduziu sua presença na rede em 40% e hoje está em apenas 309 escolas. A promessa sempre foi ampliar o projeto para todos os alunos do fundamental, mas, em direção oposta, o governo abandonou o modelo atual e agora desenha uma transformação para 2013.
Expandir o modelo para toda a rede não está mais nos planos da gestão - a promessa constava da última campanha de Alckmin. No sistema a ser implementado em 2013, o tempo integral será oferecido como opção.
A adesão de pelo menos 60% da comunidade escolar será critério para que a unidade ofereça a modalidade. Os familiares que não forem favoráveis poderão manter os filhos no modelo convencional, na mesma unidade. Nos casos em que mais de 90% dos pais optarem pelo programa, as unidades serão mantidas ou se tornarão de tempo integral. A Secretaria de Educação promete, entretanto, ampliar o número de escolas, mesmo sem detalhar a expansão.
Quando Alckmin assumiu o governo neste ano, encontrou 399 escolas no sistema - bem menos do que as 514 escolas de 2006. Mas o enxugamento se manteve em 2011 e outras 90 unidades saíram do projeto. A diminuição recente é atribuída à municipalização de escolas.
No sistema vigente de tempo integral, o aluno fica na escola das 7 horas às 16h10. Pela manhã, ele tem o currículo normal e à tarde, oficinas. O projeto acumulou problemas desde a implementação, feita de uma só vez em mais 500 escolas. Houve falta de material e professores destreinados. Escola sem espaços adequados para receber um estudante por tantas horas também se repetiram. As falhas chegaram até a Justiça e, em uma escola de Mirassol (a 452 km da capital), o programa foi suspenso por falta de estrutura.
Queixas. O governo diz ter investido R$ 122 milhões em obras nessas escolas desde 2006. Mas a verba não foi suficiente para acabar com todos os transtornos. Segundo professores que pediram para não se identificar, ainda há casos de falta de material e inadequação de prédios. "À tarde, deveria haver oficinas e jogos, mas não tem material. Até para dobradura não chega", diz um professor, há três anos no projeto. "Os alunos ficam oito horas sentados, não aguentam."
Entre os alunos, a sensação é a mesma. "Eu tenho aula de computação e é legal. Mas às vezes fica cansativo, é muito tempo dentro da sala", diz Ystefani Cerbelo, de 10 anos, aluna da escola Prof. Theodoro de Moraes, na zona leste da cidade de São Paulo. A mãe dela, Romilda, de 36, aprova o modelo. "Pelo menos eles não ficam na rua."
Mudanças. Atualmente, o currículo conta com oito oficinas obrigatórias - dadas além do currículo normal. No novo modelo, serão duas: hora da leitura e experiências matemáticas. As demais, como artes, modalidades esportivas e até educação para o trânsito, serão eletivas.
A secretaria promete atenção nos educadores, como formação continuada e melhor articulação entre as oficinas e aulas regulares. Para a professora Ana Maria Cavaliere, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o tempo suplementar precisa ter qualidade. "A escola é uma só e o horário é um só. Não é somente aulas convencionais o dia inteiro, mas tem de ter projeto, coerência e metodologia. Não basta ocupar o tempo."
Segundo ela, que é pesquisadora do ensino integral, só é possível estender o modelo para toda uma rede com muito o investimento. "É preciso quase dobrar o parque de prédios escolares." As 309 escolas de tempo integral atendem a 76.381 alunos dos ciclos 1 e 2 do ensino fundamental.

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