terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Modelo poderia ser mais eficiente se começasse por colégio que mais precisa


ANTONIO GOIS
Clipping Educacional - DO RIO
Quando o sociólogo James Coleman publicou em 1966, nos Estados Unidos, o primeiro estudo comprovando que o nível socioeconômico dos alunos era o principal fator a explicar o desempenho acadêmico, a notícia foi recebida como uma ducha de água fria por educadores que esperavam que as escolas fossem capazes de eliminar as desigualdades sociais.
Sabemos, ou deveríamos saber, que elas não operam milagres. Mas podem ajudar muito se derem aos alunos que mais precisam as melhores condições para aprender e reduzir a distância que os separam dos demais.
Difícil achar quem discorde dessa tese, mas é assustador notar que, na prática, ocorre justamente o contrário no Brasil. Mesmo dentro da rede pública, o que acontece é que as escolas que atendem alunos mais ricos são aquelas dotadas de melhor estrutura.
É essa lógica que o governo paulista tenta romper quando anuncia um plano que identifica as escolas vulneráveis e oferece a elas mais recursos para superar suas dificuldades.
Essa política pública com foco na redução da desigualdade, no entanto, seria mais coerente se o novo modelo de escola em tempo integral anunciado ontem começasse exatamente pelas escolas que mais precisam.
Ao expandir a jornada escolar para unidades que não necessariamente são consideradas mais vulneráveis, o Estado apresenta, no mesmo plano, ações que provavelmente caminharão em direções contrárias no que diz respeito à diminuição da desigualdade.
No entanto, seja nas escolas de tempo integral, seja nas unidades vulneráveis que receberão mais recursos, o grande desafio a ser enfrentado é tornar o ensino médio mais atrativo. Afinal, o motivo mais citado em pesquisa do IBGE pelos jovens brasileiros que deixaram de estudar foi a falta de interesse, e não de vagas, pela escola.

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