quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Problema com matemática pode ser discalculia


Clipping Educacional - Diário de São Paulo
Parente da dislexia, a discalculia é distúrbio que faz com que portador tenha problemas com números Micheli Nunes
Quando a criança apresenta dificuldades na escola, muitas vezes pais e educadores pensam em dislexia, problema com a leitura que prejudica o aprendizado. Mas existe outro distúrbio que também afeta o desempenho escolar e é bem menos conhecido: a discalculia. “A dislexia pode ser definida como uma falta de coordenação cerebral. O hemisfério esquerdo do cérebro, responsável pela lógica, possui uma hipertrofia, ou seja, cresce demais, causando problemas no lado direito, responsável pela leitura”, afirma o pediatra Ivan Pollastrini Pistelli.
Parente da dislexia, a discalculia funciona de maneira parecida, fazendo com que a criança tenha problemas não apenas em ler, mas também em calcular e compreender números. A hipertrofia do hemisfério direito do cérebro– lado contrário da dislexia – pode ser a principal causa do problema. “Quem sofre de discalculia é incapaz de compreender e realizar contas matemáticas básicas, o que impede a aquisição de conhecimento mais completo”, afirma o neuropediatra Paulo Breinis, do Hospital Infantil Sabará.
Breinis alerta que, como não é tão conhecida, a doença acaba sendo diagnosticada tardiamente, prejudicando a vida social e a autoestima da criança. “Ao ser negligenciando, o problema costuma virar uma bola de neve. Há casos de crianças que começam a se sair mal na escola, são reprovadas e abandonam os estudos. Em outras situações, são vítimas de bullying ou perseguição dos próprios pais, que associam o problema à preguiça ou à falta de empenho na escola.”
De acordo com Pistelli, quem sofre de dislexia ou discalculia pode apresentar talentos surpreendentes. “A maioria das crianças que desenvolve estes distúrbios é muito esperta. Das que sofrem de dislexia, por exemplo, muitas desenvolvem talentos superiores a de outras crianças nas áreas lógica e numérica. Os pais devem ficar atentos aos sinais e, se houver possibilidade de que o filho sofra do distúrbio, devem procurar um psicólogo ou pediatra.”
Sem remédios
Assim como a dislexia, a discalculia não costuma ser tratada com medicação. Segundo Breinis, o tratamento envolve treinamento e aulas extras de matemática.
O neuropediatra explica  ainda que é comum as crianças apresentaram  discalculia e dislexia simultaneamente.
“Nestes casos, é importante que o tratamento envolva uma equipe multidisciplinar, formada por neurologista, psicóloga e fonoaudiólogo e pedagogo”,  recomenda.
Reconheça os sinais do distúrbio.
1 - Confusão com as operações de adição e subtração;
2 - Problema para diferenciar esquerda de direita;
3 - Inabilidade de dizer qual número é maior;
4 - Dificuldade com tabelas de tempo e cáculo mental;
5 - Desempenho acima da média em geometria;
6 - Dificuldade de julgar a passagem de tempo;
7 - Senso de direção prejudicada (perde-se fácil);
8 - Inabilidade de lidar com dinheiros e contas;
9 - Dificuldade mental de estimar distâncias;
10 - Inabilidade sobre regras, fórmulas e sequencias;
11 - Dificuldade de manter contagem durante jogos;
12 - Dificuldade de fazer passos de dança;
13 - Confusão na ordem dos números (como 13 e 31)
14 - Dificuldade com conceitos de passado e futuro;
15 - Memória limitada para nomes e rostos.
Matéria publicada no Dário de São Paulo, 16 de novembro de 2011.

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