Gilberto Dimenstein
Clipping Educacional –
Folha.com
Não gosto do Dia do Professor, a ser
comemorado no próximo sábado, por um único motivo: é um dia pouco comemorado.
Deveria merecer mais, muito mais atenção, do país. Quase passa despercebido.
Não há nenhuma profissão tão importante
para uma sociedade que se proponha a ser civilizada. É mais importante do que a
medicina, que salva vidas, afinal quem forma o médico é o professor.
Nada deveria ser tão importante para uma
nação do que saber atrair seus melhores talentos para ajudar a disseminar e
produzir conhecimento. O que exige uma série de ações coordenadas e complexas.
Isso significa que, no final, a pessoa tem de ter orgulho de ter essa carreira.
Não é o que ocorre. Estamos longe, muito
longe, de recrutar os melhores talentos. Os salários não são atrativos. As
condições de trabalho são péssimas, para não dizer vergonhosas.
Justamente por ter essa visão é que,
aqui nesse espaço, faço questão de provocar polêmicas, não apenas criticando os
governos, mas também, muitas vezes, quem se dispõe a defender os professores,
esquecendo-se do mérito.
Há uma série de demandas corporativas
que apenas se encaixam nesse ambiente de degradação. Basta lembrar quantas
vezes dirigentes sindicais, sem a menor preocupação com o mérito, atacaram e
atacam esforços para reduzir o absenteísmo, demitir professores sem condições
de trabalhar ou exigir maior desempenho. Sem contar o explícito uso da máquina
sindical para fazer política. Isso, para mim, apenas degrada a imagem do
professor. Assim como os governos também usam a educação para fazer política
eleitoral.
Some-se a isso que, apesar de todos os
avanços, as famílias e a opinião pública pouco acompanham a educação pública.
Um sinal de ignorância vemos nas pesquisas que indicam a satisfação dos pais
com o ensino público.
Uma medida da nossa civilidade poderá
ser medida pela atenção e reverência que se tenha no Dia do Professor.
Gilberto
Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados
Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação
para a cidadania.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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