Clipping Educacional - Folha de S.
Paulo, 11/10
Um mestre que
repita o mantra "acredite que vai dar tudo certo, vá em frente" faz
toda a diferença
Durante toda a minha trajetória escolar, nunca vi nos professores apenas um caminho para ganhar algum conhecimento em matemática, geografia, literatura. Para mim, eles eram muito mais. Na menor brecha que abriam, eu sugava de meus mestres formas de compreender os momentos embaçados da vida, formas de fazer a minha realidade melhor. Professor é o mundo todo sintetizado em giz, apagador e tutano.
Durante toda a minha trajetória escolar, nunca vi nos professores apenas um caminho para ganhar algum conhecimento em matemática, geografia, literatura. Para mim, eles eram muito mais. Na menor brecha que abriam, eu sugava de meus mestres formas de compreender os momentos embaçados da vida, formas de fazer a minha realidade melhor. Professor é o mundo todo sintetizado em giz, apagador e tutano.
Na
adolescência, uma professora marcou minhas lembranças para sempre ao me
emprestar, juro, apenas emprestar, a antologia poética do Drummond, que tinha
capa dura verde e páginas em um papel tão fino que parecia que a qualquer
momento iria se desintegrar. Li quase inteira, aprendi de um tudo.
"É para
você se inspirar para o amor, refletir sobre a dureza da existência, engrossar
o couro para o futuro. O poeta foi comedor de arroz com feijão igual a nós
todos, mas deixou a alma viajar por grandes banquetes", dizia um bilhete
da professora.
Talvez não
seja muito pedagógico para os que ensinam estreitar laços com os que devem
aprender, pois isso poderia gerar conflitos de autoridade, confusão com as
tarefas atribuídas aos pais. Mas as batalhas abertas atualmente no ambiente
escolar trazem a mim uma nostalgia danada daquele tempo em que a mesa do
professor era coberta de flores do campo -muito mais campo do que flores-, doce
caseiro, desenhos, poesias e outros mimos levados pela criançada.
Para mim, o
professor foi um bálsamo salvador das pequenas e grandes angústias de ser um
menino incomum fisicamente na escola. E, para isso, não era preciso grandes
sessões de diálogos lamuriosos.
Bastava um
exemplo, algumas palavras seguras, uma recomendação de um livro. Um mestre que
repita o mantra "acredite que vai dar tudo certo, vá em frente, que é
possível" faz toda a diferença.
Em outra situação estudantil, fui atrevido a ponto de ir à casa de um dos mestres (no interior do país, tem dessas coisas). Eu precisava como em uma emergência sufocante saber até quando eu teria de esperar para viver um grande amor, afinal, eu "já" tinha 16 anos. O professor me recebeu, levou totalmente a sério a minha dúvida e recomendou o melhor remédio de todos para os desesperados: "Tenha paciência. Seu tempo vai chegar".
Em outra situação estudantil, fui atrevido a ponto de ir à casa de um dos mestres (no interior do país, tem dessas coisas). Eu precisava como em uma emergência sufocante saber até quando eu teria de esperar para viver um grande amor, afinal, eu "já" tinha 16 anos. O professor me recebeu, levou totalmente a sério a minha dúvida e recomendou o melhor remédio de todos para os desesperados: "Tenha paciência. Seu tempo vai chegar".
Professor é
para ser admirado enquanto explica a intrigante lógica do teorema de Pitágoras,
é para ser fonte de inspiração quando se recebe aquele tema
"affmaria" da redação da USP, é para instigar o gosto de descobrir
com a própria sola do sapato que a história das civilizações tende a se repetir
cada vez que se cometem as mesmas falhas. Professor é para ser querido, pois é
ele que ensina que a crase não é um acento, mas, sim, um encontro entre o
artigo e a preposição.
Lá no blog,
coloquei um punhado de fotos de professores interagindo com alunos de um
projeto "maraviwonderful" chamado Guri, da Secretaria da Cultura de
São Paulo. Nele, os moleques prejudicada dos movimentos ou dos sentidos
aprendem, cada um à sua maneira, a tocar um instrumento musical. Como diria meu amigo Wadê, "aí eu
pirei"!
Fonte:
http://apeoespsub.org.br/
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