terça-feira, 13 de setembro de 2011

Escolas públicas são campeãs de baixa participação no Enem 2010

Rafael Targino 
Clipping Educacional - Em São Paulo
Os dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por escola, divulgados na segunda-feira (12) pelo MEC (Ministério da Educação) mostram que as unidades da rede pública são campeãs de baixa participação no exame. Elas respondem, por exemplo, por 93,21% das escolas na faixa compreendida entre 0% e 25% da taxa que calcula participantes e número de alunos da unidade. Na faixa de 75% a 100%, a situação é oposta: só 25,71% são públicas. 
O cálculo é possível por conta da mudança no método de divulgação das notas. Neste ano, o ministério decidiu separar as escolas em quatro faixas de participação: de 0% a 24,9%; de 25% a 49,9%; de 50% a 74,9%; e, finalmente, de 75% a 100%.
Essas taxas são obtidas dividindo-se o número de participantes da prova pelo total de alunos matriculados, segundo o último Censo Escolar. O objetivo do governo era evitar que escolas com pouca participação inflassem artificialmente os resultados, deixando-os sem representatividade.
No entanto, a alta concentração de escolas públicas nas faixas de menor participação não quer dizer, necessariamente, que menos alunos dessa rede participaram das provas. Dos cerca de 1,01 milhão de concluintes do ensino médio que fizeram o Enem, quase 80% são de escolas públicas.
Esses estudantes das redes estaduais, municipais e da União estão, porém, distribuídos em muito mais unidades. Das pouco menos de 24 mil escolas avaliadas, pelo menos 17 mil são geridas por órgãos governamentais. 
Enem está substituindo vestibular, diz especialista
Para Gustavo Ioschpe, especialista em educação, isso se deve muito pelo fato de o próprio Enem estar virando o substituto do vestibular.
Divisão por faixas de participação
Números absolutosPúblicasPrivadas
0% a 25%5.193378
25,01% a 50%7.423938
50,01% a 75%3.4771.903
75,01% a 100%1.0813.122
“O Enem está cada vez mais servindo como substituto do vestibular. Os alunos da [escola] privada querem e vão fazer universidade, perseguem isso muito ativamente. E a expectativa da entrada [dos alunos] das públicas é muito mais baixa. Até para entrar no Prouni e no Fies, você precisa ser aprovado no vestibular”, afirma.
Ioschpe cita também eventuais benefícios da divulgação para as redes privadas. “Outra questão importante, que acho mais difícil de mostrar empiricamente, mas que tem um papel pra explicar esse resultado, é que as escolas particulares têm um incentivo muito importante para ir bem no Enem, por efeito de marketing. O problema das escolas públicas é que elas não têm nenhum incentivo. Elas não vão conseguir atrair mais alunos, não vão receber mais dinheiro”, diz.

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