Clipping Educacional - Globo Educação
Em vez de ser um problema, diferenças podem gerar bons questionamentos
A educação de jovens e adultos tem suas especificidades. Voltada ao público que não teve acesso ao ensino no tempo regular, acaba por agrupar, muitas vezes, alunos com idades bem distintas em uma mesma sala de aula. Dessa forma, o professor se depara com uma questão importante: como lidar com turmas tão heterogêneas? Como fazer para prender a atenção dos mais jovens e dos mais velhos?
Sandra Medrano, coordenadora pedagógica da ONG Comunidade Educativa (Cedac) e, ela mesma, ex-professora de turmas de EJA, garante que essa heterogeneidade, que no início parece algo sem solução, na verdade pode ser trabalhada de forma positiva para todos: “A princípio, as diferenças de idade, de interesses, de linguagem, de comportamento, de tudo, parecem afastar os jovens dos mais velhos. Mas não é bem assim. O professor pode e deve fazer dessa dificuldade um fio condutor de suas aulas. As diferenças sobre o mundo um do outro podem gerar bons questionamentos, boas discussões em sala e aproximar os dois mundos. Isso é enriquecedor para todos”, aposta Medrano.
Segundo ela, os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), estipulados pelo Ministério da Educação (MEC), servem para nortear essa ajuda ao trabalho do professor na hora de lidar com os diferentes perfis de aluno: “Um dos temas transversais dos PCNs que podem ser trabalhados em sala de aula é a questão da pluralidade cultural. E o que o professor de EJA mais tem em sala é isso, diversidade de tudo o que é jeito: o novo e o velho, o casado, o solteiro, o que trabalha no campo e na cidade, o com filho e o sem filho, o católico, o evangélico, o ateu. Tendo como norte essa realidade, dá para usar a seu favor algo que antes, em uma leitura mais superficial, se mostrava apenas como problema.”
Além disso, a coordenadora pedagógica classifica como fundamental encarar esse público de EJA como adultos, e não como criancinhas. “Eles não gostam de ser tratados de forma infantilizada. Isso só desmotiva o aluno e atrapalha a identificação dele com a escola e com o professor”, alerta. Por isso, defende ela, é imprescindível que haja material didático específico para o público de EJA. O que normalmente acontece é usar o material usado pelas turmas regulares, mas isso é inadequado, já que a linguagem é muitas vezes infantilizada ou não atende à realidade desse jovem, desse adulto que faz EJA. “Desde 2010, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) atende ao público de EJA com o chamado PNLD-EJA, ou seja, alunos do Ensino Fundamental, do 1º e do 2º segmento, têm acesso a livros específicos para eles. Falta ainda o PNLD que contemple o Ensino Médio. De qualquer forma, já foi uma melhora.”
fonte: http://g1.globo.com
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