terça-feira, 5 de abril de 2011

Ensino médio noturno pode ficar mais longo

Mariana Mandelli
Clipping Educacional - O Estado de S.Paulo
Estudantes teriam até 4 anos - e não 3, como é hoje - para concluir essa etapa da educação básica; novas diretrizes serão votadas amanhã pelo CNEO ensino médio noturno pode durar mais tempo. Se as novas diretrizes para essa etapa da educação básica forem aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) amanhã, o aluno que estuda à noite poderá ficar de um semestre até um ano a mais na escola. A ideia é que ele tenha menos horas de aula por dia, com a possibilidade até mesmo de explorar recursos de educação à distância no currículo.


Filipe Araujo/AE-7/12/2010

Filipe Araujo/AE-7/12/2010

À noite. Proposta é que carga horária diária seja reduzida
A proposta é uma das que compõem o documento que pretende flexibilizar o currículo do ensino médio, trazendo a escola para dentro da rotina do aluno e, assim, tornando-a atraente. Com isso, o conselho quer valorizar o projeto político-pedagógico e a identidade de cada escola.
O ensino médio é hoje a etapa mais problemática da educação brasileira. Os dados do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostram que os alunos matriculados não sabem que metade é 50% e também não conseguem identificar a ideia principal de um texto, por exemplo. Eles receberam nota 3,6, numa escala de 0 a 10, no índice. Além do baixo desempenho, o ensino médio enfrenta uma evasão crônica. Dados de 2009 mostram que 32,8% dos brasileiros entre 18 e 24 anos abandonaram os estudos antes de completar o terceiro ano.
"No caso do ensino médio noturno, sabemos que é difícil manter o aluno quatro horas por dia na escola, pois muitos chegam atrasados do trabalho e saem antes do fim da aula. Por isso, flexibilizar essa grade é importante", afirma José Fernandes de Lima, relator das diretrizes e membro da Câmara de Educação Básica do CNE. "Isso dará ao aluno a possibilidade de concluir essa etapa em três anos e meio, quatro anos ou até mais." Hoje, o ensino médio dura três anos.
Segundo Lima, a possibilidade de aulas não presenciais também consta entre as propostas. "Colocar atividades de educação à distância também é uma opção para esses alunos."
A ideia, segundo ele, não é excluir nenhuma disciplina tradicional - como matemática ou língua portuguesa -, mas enfatizar temas que tenham a ver com a vida dos alunos e façam parte da rotina deles, como cultura, tecnologia, trabalho e ciência.
"O currículo deve ser melhor articulado com o cotidiano desse jovem", afirma Mozart Neves Ramos, do Movimento Todos Pela Educação e também membro do CNE. "A alta evasão é consequência de um currículo que não leva em consideração o que ele vive. É um currículo chato, que não prepara nem para universidade e nem para o mercado."
Segundo ele, ter menos horas na escola por dia, no caso de quem estuda à noite, é um fator importante e positivo. "É melhor fazer em mais anos do que ficar as quatro horas por dia e não aprender nada."
As diretrizes não são obrigatórias: são orientações que as escolas de todo o País podem seguir - as que estão em vigor são de 1998. "Incorporamos as várias mudanças de legislação, as transformações nos comportamentos da escola e os programas do Ministério da Educação que ocorreram no decorrer desses anos", afirma Lima. "A escola tem de se modernizar."
Antes de ser aprovada, a proposta ainda pode sofrer alterações. Após o aval do CNE, o documento ainda segue para homologação do ministro da Educação, Fernando Haddad.
Desinteresse
Segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas, de 2009, 40,1% dos jovens de 15 a 17 anos abandonam a escola por desinteresse e 27,1% saem por razões de trabalho e renda.
fonte:
http://www.estadao.com.br

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