domingo, 27 de março de 2011

Tarefa de governo: premiar – ou reprovar – os professores

Andreas Schleicher

Clipping Educacional – Veja online

O diretor para educação da OCDE diz que melhoria do ensino exige preparar e recompensar os bons docentes. E tirar da sala de aula os maus profissionais "Nos sistemas mais avançados de ensino do mundo, a carreira é preenchida por profissionais de alto nível. Isso, e não os altos salários, é o que torna a profissão atraente" Às voltas com o mau desempenho de estudantes brasileiros, do ensino fundamental ao superior, o Ministério da Educação promete criar em breve um exame nacional para avaliar candidatos a professores. É o reconhecimento daquilo que diversos estudos empíricos vêm demonstrando: fazer a educação funcionar passa pelo aprimoramento dos docentes. O desafio não é exclusivo do Brasil. O jornal americano Los Angeles Times comprou uma briga com docentes locais, que pediram boicote à publicação, ao exibir um ranking em que o (mau) desempenho dos estudantes era atrelado ao de seus mestres. Situações como essas chamaram a atenção da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidade formada por nações desenvolvidas, que acaba de realizar em Nova York o Primeiro Encontro Internacional sobre Professores, reunindo educadores, governos e ONGs. Para o físico alemão Andreas Schleicher, diretor para educação da OCDE e um dos coordenadores do encontro, governos de todo o mundo têm uma tarefa a cumprir: ensinar melhor seus professores, mantê-los motivados, premiar os bons profissionais - e reprovar os mal avaliados. "A meritocracia é um princípio muito importante. Manter a eficiência de um corpo docente implica não apenas dar aos professores oportunidade, apoio e incentivo para que continuem a fazer bem seu trabalho, mas também tirar da sala de aula aqueles que não são eficazes", diz. Na entrevista a seguir, Schleicher explica o atual desafio da carreira docente e conta como nações como Japão, Finlândia e Singapura vêm conseguindo bons resultados na área. "Nos sistemas mais avançados de ensino do mundo, a carreira é preenchida por professores de alto nível. Isso, e não os altos salários, é o que torna a profissão atraente." Por que realizar um evento para repensar exclusivamente o papel dos professores? Mais do que nunca, o progresso social depende da qualidade dos sistemas de educação. Porém, a qualidade do sistema de educação jamais excede a qualidade de seus professores - que depende de seleção, formação continuada, plano de carreira e avaliações constantes.

De acordo com especialistas, aprimorar a formação do professor é um dos grandes desafios brasileiros na área da educação – e também uma questão fundamental para o desenvolvimento do país. Outra nações enfrentam o mesmo problema. É possível dizer que essa é uma questão universal no século XXI? Sim, absolutamente. E a razão é simples: em qualquer país, sempre existiram bons professores. A diferença é que no passado apenas uma parte da população precisava ser educada para liderar o desenvolvimento do país. Mas o custo social e econômico dessa filosofia tornou-se alto demais. Atualmente, os sistemas de educação precisam qualificar todos os seus professores, e não só alguns, se quiserem que todos os seus cidadãos tenham um ensino de qualidade. Além disso, no passado era possível supor que o que se aprendia na escola valeria para a vida inteira. Agora, temos o Google e a digitalização das habilidades cognitivas, com mudanças rápidas no mercado de trabalho: os sistemas de educação precisam proporcionar formas complexas de pensar e trabalhar para que as pessoas não sejam substituídas facilmente pelo computador.

Essa tarefa exige professores de qualidade. Como atrair os maiores talentos? Nos sistemas mais avançados de ensino do mundo, a carreira é preenchida por profissionais de alto nível. Isso, e não os altos salários, é o que torna a profissão atraente em países tão diferentes como Finlândia, Japão ou Singapura. Os candidatos a uma vaga de professor não se sentem atraídos por escolas organizadas como linhas de montagem. Eles desejam se deparar com uma organização de alta performance, com status, autonomia profissional e educação de alta qualidade atrelada ao profissionalismo, com sistemas eficazes de avaliação profissional e com carreiras diferenciadas. Portanto, essas são as questões que os países precisam resolver.

Quais os desafios dos governos? O primeiro é atrair candidatos qualificados e depois oferecer-lhes formação de boa qualidade. É difícil atrair bons candidatos se eles percebem que as instituições de ensino superior que formam professores não têm status na sociedade. Não é de espantar o fato de que os países que conseguiram elevar o nível de seu corpo docente são os mesmos que tornaram mais rígidos os critérios de admissão em seus programas de formação de professores. Igualmente importante é definir o que é um bom professor. Em muitos países, padrões assim guiam a formação inicial dos profissionais, a certificação, as avaliações de desempenho, o desenvolvimento profissional e o avanço na carreira. Em muitos sistemas de alta performance, a educação do professor não consiste apenas em fornecer o treinamento básico em temas relevantes e pedagogia, mas também desenvolver competências para a prática reflexiva. O Brasil aplicará pela primeira vez uma avaliação nacional para seleção de professores da rede pública. É uma medida positiva? A avaliação do professor pode contribuir para a melhoria das práticas docentes, identificando pontos fortes e fracos. Também ajuda a atribuir aos professores a correta responsabilidade pelo nível do aprendizado de seus alunos. É um tipo de prestação de contas. Em geral, os professores veem avaliação e feedback de forma positiva. Em uma pesquisa realizada pela OCDE, 80% dos professores disseram que a avaliação é útil para o desenvolvimento profissional, e quase metade relatou que os resultados os levaram a aprimorar o conhecimento. Há algumas iniciativas no Brasil de promover o professor por seu mérito. Porém, essa ainda é uma questão controversa entre os profissionais. A meritocracia é um princípio muito importante. Manter a eficiência de um corpo docente implica não apenas dar aos professores oportunidade, apoio e incentivo para que continuem a fazer bem seu trabalho, mas também tirar da sala de aula aqueles que não são eficazes.

A questão salarial é muitas vezes apontada como obstáculo ao avanço da qualidade. Como o senhor enxerga essa questão? Em alguns países, como Japão e Singapura, o governo acompanha de perto as variações de mercado para se certificar de que os salários dos professores são competitivos. Mas, na maioria dos países, os vencimentos são inferiores aos de outros profissionais graduados. No entanto, há muitos países onde o ensino ainda é atraente porque oferece aos professores um ambiente de trabalho fascinante e o salário se torna apenas o pano de fundo da questão. Igualmente, é importante oferecer um plano de carreira aos docentes. Se você disser a um jovem professor de matemática de 25 anos de uma escola primária que, daqui a 25 anos, ele continuará sendo a mesma coisa, ele não verá perspectivas em seu futuro. Os países bem sucedidos em educação promovem um ambiente que oferece novos horizontes ao professor, com crescimento profissional. Que habilidades os professores devem ter para enfrentar os novos desafios da educação? Eles precisam equipar os alunos com as competências necessárias à formação de cidadãos ativos. Precisam personalizar as experiências de aprendizado para assegurar que todo estudante tenha a chance de ter sucesso e lidar com a crescente diversidade da sala de aula e as diferenças no estilo de aprendizado. Eles também precisam lidar com as inovações no currículo, na pedagogia e no desenvolvimento das ferramentas digitais.

A tecnologia é um desafio aos professores? Bons professores usarão bem as tecnologias – e, ao falar de tecnologia, me refiro tanto a recursos digitais quanto ao repertório adequado de estratégias pedagógicas. Fonte: http://veja.abril.com.br/

5 comentários:

  1. Olá boa noite
    Somente será possível retirar os maus professores pagando bons salários para que a carreira possa atrair bons profissionais.
    Retirar professores de onde, já que cada anos são menos professores formados. Em 2009 formaram no Brasil em torno de 718 mil professores. Em 2010 formaram 610 mil, mais 100 mil a menos, além disto a maioria se formam e não vão para a área do magistério
    abraço e uma boa semana

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  2. são paulo cumpre a risca o que deve ser feito para capitanear votos. destruição da escola publica, desmoralização dos professores, e aumento do assistencialismo.

    proximas eleições – ALKIMIN X LULA

    lixo de estado, lixo de governo , lixo de futuro da população paulista. acordem professores fracos e sem ideologia , vamos nos manifestar , hj todos estão na rua , franceses , ingleses e árabes , já os professores paulistas que devem dar uma resposta, acovardados na RUA da amargura.
    professor que não muda sua realidade, não muda de aluno algum.

    fracos.

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  3. Que pena! Não receberemos a esmola, desculpa, a gorjeta ou melhor( ou pior) o bônus. Mas a cada dia recebo o carinho dos meus alunos que não pagam as contas mas faz muita diferença dentro de mim e me faz continuar neste árduo trabalho mas porém não difícil. O respeito de assitirem as minhas aulas me faz muito bem. Obrigada alunos por vocês existirem em minha vida. Apesar das dificuldades estamos caminhando mesmo o governo maquiando resultados para apenas benificiar um lado da luta de educar. Espero que o Senhor governador tenha respeito para com o meu trabalho.

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  4. votem melhor da próxima vez, ahhhhhh tem assembléia na sexta viu!!!!! protestar ninguém quer né, vamos arrochar o magrela na república,queremos salário não esmola ou cx de surpresas vazias, somos tratados como crianças , acordem professores fracos.

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  5. Cara jô "respeito pelo seu trabalho" quanta ingenuidade o governador nem sabe que vc eu ou qualquer outro que se dedica na tarefa de educar alunos pobres existem, ele so quer que tenha merenda, material e um muro.

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