sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Nova avaliação de alunos em SP é criticada

Luciana Alvarez
Clipping Educacional - O Estado de S.Paulo
Para especialistas, mais importante que avaliações em excesso é agir para melhorar as aulas; proposta é do novo secretário paulista
A instituição de provas semestrais padronizadas, ligadas a um sistema de recuperação para os alunos da rede estadual, anunciada anteontem pelo secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, é vista com preocupação por educadores. Segundo especialistas, não adianta incluir novas provas no calendário escolar se o resultado não for usado para melhorar as práticas em sala de aula.
Exagero. Segundo especialistas, alunos da rede já passam por uma avaliação anual, o Saresp
A professora Angela Soligo, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), critica o enfoque exagerado dado às avaliações. "De novo, as medidas se focam na avaliação externa. Avaliações são repetidas ano a ano, com os mesmos resultados. A gente já sabe onde estão as deficiências; a questão é como interferir para combatê-las", afirmou.
Os alunos da rede estadual fazem anualmente a prova do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar (Saresp), mas os resultados são usados para indicar a qualidade da rede e não o desempenho individual dos alunos.
Angela também aponta como "prejudicial" o excesso de mudanças na gestão do ensino paulista. "Repete-se no Estado de São Paulo a ausência de uma política de médio e longo prazo. Temos visto mudanças abruptas em curto prazo. Em educação não se consegue consolidar uma política em pouco tempo."
A psicopedagoga Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), acredita que se tem "muitas avaliações e pouco estímulo para mudanças". "Será que as pessoas vão entender esses resultados ou vamos ficar de novo sem mudar, apenas concluindo a cada prova que os alunos não sabem ler?", questiona. "O acompanhamento contínuo é mais importante que avaliações contínuas."
Para Inês Kisil Miskalo, coordenadora da área de educação formal do Instituto Ayrton Senna, as provas semestrais podem ser produtivas se os professores tiverem acesso rápido aos resultados. "A prova tem de motivar uma reação rápida. Pode ser construída fora, mas tem de estar voltada para dentro da sala", diz. Segundo a pedagoga, o Saresp não pode ser usado com este fim. "A estrutura do Saresp é muito pesada, o resultado demora meses, quando já passou o tempo de intervenção."
Amplitude. Para Arthur Fonseca Filho, membro do Conselho Estadual de Educação, mais importante que a discussão sobre provas e duração de ciclos da educação continuada seriam propostas para todo o sistema de educação de São Paulo - incluindo escolas municipais e particulares. "Nos anos iniciais, de 1.º a 5.º, 75% dos alunos estão nas diversas redes municipais. E os anos iniciais são os mais importantes por darem a base", explicou. "O que gostaria de ver é como vai ser a articulação com os municípios."
Promessa antiga
Ao vencer as eleições para o Estado em 2006, José Serra anunciou que redividiria os dois ciclos da progressão continuada, para que tivessem menor duração. A mudança não aconteceu.
MUDANÇAS
Progressão continuada
Sistema em que não há repetência durante os ciclos do ensino fundamental será mantido. Apenas a duração dos ciclos - hoje de 5 e 4 anos - deve mudar.
Provas e recuperação
Duas vezes por ano, alunos farão provas padronizadas em todo o Estado. Quem for mal terá de passar por recuperação.
Fonte: http://www.estadao.com.br

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