segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O dilema da educação a distância

Ligia Aguilhar, especial para O Estado
Clipping Educacional - O Estado
Cursos estão em alta, mas o mercado de trabalho ainda desconfia da qualidade e prefere contratar alunos do ensino presencial
SÃO PAULO - A educação a distância (Ead) está se popularizando no Brasil. Só neste ano, o número de alunos matriculados deve chegar a 814 mil, segundo estimativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O número de cursos também não para de aumentar. Só entre 2000 e 2007, a oferta de modalidades aumentou 40 vezes, de 10 para 408 cursos.
Mas afinal, o que o mercado de trabalho pensa sobre esse tipo de formação? Vale a pena investir em um curso a distância para turbinar o currículo?
Segundo profissionais da área de recrutamento e seleção ouvidos pelo Estado, as empresas ainda não estão seguras sobre a qualidade dos cursos de Ead, principalmente quando se trata de graduação ou pós-graduação. Por isso, preferem candidatos que tenham diploma do ensino presencial. "É incontestável que a qualidade não é a mesma, porque no curso a distância não há o convívio do aluno com outras pessoas para a troca de experiências", diz o consultor sênior de capital humano da Mercer, Renato Gutierrez.
Embora não tenha trabalhado diretamente com profissionais formados por esses cursos, ele diz que candidatos com essa formação têm mais dificuldade para conseguir uma vaga, já que os contratantes temem que o trabalhador tenha um desempenho inferior ao esperado. "Empresas renomadas preferem candidatos com diploma de instituições conceituadas. No caso da educação a distância, porém, nem que o curso seja de uma instituição dessas faz diferença", diz.
O diretor da consultoria de recrutamento de executivos da empresa Asap, João Paulo Camargo, concorda. "Principalmente na pós-graduação, a troca de experiências entre os alunos é essencial e isso faz falta no curso a distância", diz. "Os chats e os fóruns desses cursos não proporcionam a mesma experiência que o convívio em sala de aula.
Ainda precisam inventar um jeito de a tecnologia driblar isso."
A única situação em que os cursos de Ead são bem aceitos, segundo ele, é quando são complementares e de curta duração. "Por serem mais técnicos, a falta desse convívio não interfere. Inclusive, muitas empresas usam a educação a distância para promover treinamentos rápidos."
Avaliação. O fator que gera desconfiança por parte das empresas com a Ead é a falta de parâmetros para avaliar a qualidade desses cursos.
Como a modalidade começou a se popularizar nos últimos anos por causa dos avanços tecnológicos e da internet, o mercado ainda não conseguiu avaliar o impacto dessa formação na qualidade da mão de obra.
Na dúvida, as empresas preferem optar pela segurança de um curso presencial. "Esse sistema de educação está em processo de amadurecimento no País. Por uma questão cultural e pela falta de uma avaliação mais consistente, os recrutadores ainda não consideram esse sistema maduro", diz a gerente geral de RH da Whirlpool, eleita este ano como a melhor empresa para se trabalhar no Brasil, Úrsula Angeli.
Enquanto essa modalidade de ensino não se consolida, Úrsula faz coro e recomenda que os profissionais recorram à educação a distância só para cursos complementares e não na graduação ou pós-graduação. "As empresas ainda não estão preparadas para assumir essa insegurança", diz.
Na hora de escolher um profissional para contratação, porém, os consultores dizem considerar outros critérios além da modalidade de ensino.
Empate. A fluência em pelo menos um idioma estrangeiro e a atitude do candidato são apontadas como fatores determinantes para a aprovação em um processo seletivo. "As empresas me pedem alguém com brilho nos olhos, o que é muito difícil de achar", diz Camargo, da Asap.
Quando há empate entre os candidatos, porém, a qualidade da formação no ensino superior é decisiva. Por isso, para alunos de Ead a escolha da instituição de ensino deve ser ainda mais criteriosa. "Muitos profissionais que fizeram uma escolha diferente, como Ead, se preocupam em justificar por que fizeram essa opção durante uma entrevista de emprego, quando poderiam expor os benefícios da escolha", diz a gerente de orientação de carreira da Cia. de Talentos, Bruna Dias.
Ela recomenda que o candidato demonstre firmeza na sua decisão e tenha clareza sobre os motivos que o levaram a determinada escolha. "Antes de fazer qualquer curso é preciso avaliar o que esse estudo vai acrescentar para a empresa onde o profissional trabalha ou para o mercado onde ele atua", diz.
O consultor Marcelo Mariaca, especializado em recrutamento, seleção e transição de carreiras, ressalta ainda que o aluno de EaD deve reunir o máximo de informação possível sobre o seu curso e formação para demonstrar conhecimento e capacidade em um processo seletivo. "Tudo que é novo exige cautela. Quanto mais o aluno souber, mais segurança vai passar sobre a sua escolha", diz.
Fonte: http://economia.estadao.com.br

Um comentário:

  1. Postei isto: "Devemos lembrar que no Brasil não existe educação a distancia, e sim semi-presencial. ou seja são cursos que os alunos deve comparacer presencialmente no polo academico (geralmente 1 vez por semana) e tem trabalhos em grupos como minha mãe que cursa pedagogia na unopar e neste ultimo semestre fez, alem do estagio, 2 trabalhos em grupo. alem disso a média do ENADE dos alunos em EaD são superiores dos cursos tradicionais. A uma quebra nas conecções devido a pouca exposição aos outros alunos, coisa que a Harvard Business School incentiva. Mas se até Bill Gates, Mark do Facebook, e os CEO's do Google abandonaram a facul, isto se deve pelo conteúdo engessado que temos na educação superior. Por isso que em plena crise do ENEM eu reafirmo meu apio a este fabuloso exame, pois sua proposta principal é mudar as competencias cobradas. Posso estar errado mas a grande mídia esta deveras com medo do ENEM e da facilidade de estudo... Uma pena!" aqui: http://profcoordenadorpira.blogspot.com/2010/11/o-dilema-da-educacao-distancia.html

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