sábado, 6 de novembro de 2010

ABL se pronuncia contra censura à obra de Monteiro Lobato

Clipping Educacional - Veja.com
Livro 'Caçadas de Pedrinho' foi apontado como 'racista' por conselho federal
Reprodução
'Caçadas de Pedrinho', de Monteiro LobatoA Academia Brasileira de Letras (ABL) se posicionou contra o parecer emitido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que classificou como ‘racista’ a obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. O acadêmicos, em plenária realizada na quinta-feira, repudiaram a decisão e disseram que apelarão ao ministro da educação, Fernando Haddad, para que a proibição da obra não entre em vigor.
O parecer foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Publicado em 1933, o livro de Monteiro Lobato, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, narra as aventuras da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo em busca de uma onça-pintada. Segundo o CNE, os traços racistas da obra estariam na forma como o autor se refere à personagem Tia Anastácia, que é negra, e a alguns animais, como o urubu e macaco.
Segundo a nota emitida pela ABL, “cabe aos professores orientar os alunos no desenvolvimento de uma leitura crítica. Um bom leitor sabe que tia Anastácia encarna a divindade criadora dentro do Sítio do Picapau Amarelo. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afro-descendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica”.
A ABL sugeriu ainda que, ao invés de proibir as crianças de saber disso, “seria muito melhor que os responsáveis pela educação estimulassem uma leitura crítica por parte dos alunos”. De acordo com os acadêmicos, falta conhecimento da obra por parte dos "professores e formuladores de políticas educacionais". “Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura. E que muito poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília ou de sua independência de pensamento. Raros autores estimulam tanto os leitores a pensar por conta própria quanto Lobato, inclusive para discordar dele. Dispensá-lo sumariamente é um desperdício".
fonte: http://veja.abril.com.br

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