Isis Brum e Mariana Lenharo
Clipping Educacional - Estadao.com
É possível um jovem estudar e aprender ouvindo MP3, navegando na internet e com a janela de conversas instantâneas aberta na tela do computador? Sim, é a resposta de pedagogos e psicólogos, apesar da descrença ou desconfiança de alguns pais, educados em épocas menos interativas.
É consenso entre os educadores que os métodos tradicionais de estudo não combinam com o perfil cada vez mais dinâmico e acelerado dos jovens, que têm acesso irrestrito a informações e tecnologias. Se antes a recomendação era de se reservar um canto silencioso e vazio da casa para o ritual solitário do estudo, hoje existe a percepção de que a interatividade, a internet, a música e até os cheiros podem ser aliados no processo de aprendizado.
Para a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC de São Paulo, até o modo de raciocinar da nova geração sofre influência das tecnologias e, sendo assim, não se pode mesmo esperar que o estudo permaneça igual. “Dá impressão que os jovens raciocinam no formato de hiperlinks. Quando estão discutindo um assunto, juntam as fontes, fazem ligações como se estivessem navegando na internet.”
Rosa nota que as novas gerações desenvolvem funções cognitivas diferentes e que isso acaba confundindo, além dos pais que acompanham o estudo dos filhos, os professores, ainda despreparados para esse fenômeno.
O comportamento de Kiara Sauer, de 16 anos, estudante do ensino médio, é um sinal dos tempos. Ela só consegue estudar via MSN, programa de conversas instantâneas via internet, usando o canal para explicar aos amigos que estão online o tema que está aprendendo. E, nesse universo, não faz diferença para a jovem se o interlocutor de plantão está ou não interessado no assunto.
“Só assim consigo estudar e, para mim, dá resultado”, diz Kiara, que explica online detalhes de geografia aos amigos ao mesmo tempo em que ouve, no modo aleatório, as 3 mil canções que tem armazenadas no MP3.
“Hoje, o aluno conversa pelo Skype (programa de fala via internet), ouve música, responde e-mails, tudo ao mesmo tempo. Por isso, estudos apontam que as crianças têm uma complexidade neural 25% maior do que a de um adulto”, afirma a pedagoga Aline Sério, gerente pedagógica do sistema educacional Universitário.
Mas, com tanta informação disponível, é necessário filtrar e analisar os conteúdos, diz Aline. “Simplesmente receber informações aleatoriamente não leva a nada, provoca confusão.” Para ela, é tarefa dos adultos – pais e professores – ajudar os jovens a encontrar informações importantes e avaliá-las de modo crítico. Disciplina e organização, alertam especialistas, são elementos que não saíram de moda. “Temos de trabalhar a questão do ensinar a buscar informação, fazer o jovem entender o processo de transformar informação em conhecimento”, diz a educadora.
O diretor dos colégios Módulo e Paulista, Wagner Sanchez, enfatiza na geração “multitask”, ou multitarefa, a importância do uso dos cinco sentidos no aprendizado para se criar, na mente do estudante, referências que facilitem a absorção do conteúdo. Como exemplo, cita um professor que, na aula sobre reprodução de plantas, levou um pé de laranjeira para sala. “Aquilo tinha cheiro extraordinário. Quando o professor retomou o tema, os alunos imediatamente se lembraram do cheiro e do que tinham aprendido.”
O educador Silvio Barini Pinto, diretor do Colégio São Domingos, afirma que o fato de os alunos estudarem em lugares variados e romperem o antigo ritual de estudo também tem a ver com o perfil modificado das famílias. “O aluno acaba aprendendo a estudar em qualquer lugar. É mais uma condição do que necessariamente uma escolha”, acredita.
fonte: http://www.estadao.com.br/
É possível um jovem estudar e aprender ouvindo MP3, navegando na internet e com a janela de conversas instantâneas aberta na tela do computador? Sim, é a resposta de pedagogos e psicólogos, apesar da descrença ou desconfiança de alguns pais, educados em épocas menos interativas.
É consenso entre os educadores que os métodos tradicionais de estudo não combinam com o perfil cada vez mais dinâmico e acelerado dos jovens, que têm acesso irrestrito a informações e tecnologias. Se antes a recomendação era de se reservar um canto silencioso e vazio da casa para o ritual solitário do estudo, hoje existe a percepção de que a interatividade, a internet, a música e até os cheiros podem ser aliados no processo de aprendizado.
Para a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC de São Paulo, até o modo de raciocinar da nova geração sofre influência das tecnologias e, sendo assim, não se pode mesmo esperar que o estudo permaneça igual. “Dá impressão que os jovens raciocinam no formato de hiperlinks. Quando estão discutindo um assunto, juntam as fontes, fazem ligações como se estivessem navegando na internet.”
Rosa nota que as novas gerações desenvolvem funções cognitivas diferentes e que isso acaba confundindo, além dos pais que acompanham o estudo dos filhos, os professores, ainda despreparados para esse fenômeno.
O comportamento de Kiara Sauer, de 16 anos, estudante do ensino médio, é um sinal dos tempos. Ela só consegue estudar via MSN, programa de conversas instantâneas via internet, usando o canal para explicar aos amigos que estão online o tema que está aprendendo. E, nesse universo, não faz diferença para a jovem se o interlocutor de plantão está ou não interessado no assunto.
“Só assim consigo estudar e, para mim, dá resultado”, diz Kiara, que explica online detalhes de geografia aos amigos ao mesmo tempo em que ouve, no modo aleatório, as 3 mil canções que tem armazenadas no MP3.
“Hoje, o aluno conversa pelo Skype (programa de fala via internet), ouve música, responde e-mails, tudo ao mesmo tempo. Por isso, estudos apontam que as crianças têm uma complexidade neural 25% maior do que a de um adulto”, afirma a pedagoga Aline Sério, gerente pedagógica do sistema educacional Universitário.
Mas, com tanta informação disponível, é necessário filtrar e analisar os conteúdos, diz Aline. “Simplesmente receber informações aleatoriamente não leva a nada, provoca confusão.” Para ela, é tarefa dos adultos – pais e professores – ajudar os jovens a encontrar informações importantes e avaliá-las de modo crítico. Disciplina e organização, alertam especialistas, são elementos que não saíram de moda. “Temos de trabalhar a questão do ensinar a buscar informação, fazer o jovem entender o processo de transformar informação em conhecimento”, diz a educadora.
O diretor dos colégios Módulo e Paulista, Wagner Sanchez, enfatiza na geração “multitask”, ou multitarefa, a importância do uso dos cinco sentidos no aprendizado para se criar, na mente do estudante, referências que facilitem a absorção do conteúdo. Como exemplo, cita um professor que, na aula sobre reprodução de plantas, levou um pé de laranjeira para sala. “Aquilo tinha cheiro extraordinário. Quando o professor retomou o tema, os alunos imediatamente se lembraram do cheiro e do que tinham aprendido.”
O educador Silvio Barini Pinto, diretor do Colégio São Domingos, afirma que o fato de os alunos estudarem em lugares variados e romperem o antigo ritual de estudo também tem a ver com o perfil modificado das famílias. “O aluno acaba aprendendo a estudar em qualquer lugar. É mais uma condição do que necessariamente uma escolha”, acredita.
fonte: http://www.estadao.com.br/
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