quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sob polêmica, avaliação de professores cresce no país

ANGELA PINHO
Clipping Educacional - DE BRASÍLIA
Seis Estados já adotaram algum tipo de aferição do desempenho em aula
Para sindicatos, método é simplista, pois ignora salários e condições de trabalho; especialistas apontam problemas
Polêmica entre especialistas da educação e sindicatos de professores, é cada vez mais comum no Brasil a avaliação de docentes da rede pública, com recompensa financeira para aqueles que tenham melhor desempenho.
Inspiradas em experiências de países como Estados Unidos e Chile, as avaliações já são feitas na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo -seis Estados administrados por partidos diversos, como o PSDB e o PT.
Apesar de serem cada vez mais frequentes nas redes públicas brasileiras, não há ainda consenso sobre a eficácia dessas avaliações para elevar a qualidade do ensino.
Sindicatos de professores dizem que elas são simplistas, por se basearem apenas em testes e não tocarem nas questões dos salários e condições de trabalho precárias. Já os gestores do ensino afirmam que elas são importantes fatores de estímulo.
De acordo com Cláudio Ferraz, professor de economia da PUC-Rio, que estuda o tema, como as experiências ainda são recentes, não há evidência de que no Brasil a remuneração do professor em razão do mérito -aferido por meio de avaliações- tenha impacto sobre a aprendizagem dos estudantes.

ESTÍMULO
Mesmo assim, ele defende o sistema pelo fato de representar um incentivo para que avanços básicos aconteçam, como o professor não faltar muito às aulas e dar maior importância à aprendizagem de seus alunos, uma vez que a nota desses estudantes poderá afetar o seu salário.
Já José Marcelino Rezende Pinto, professor da USP, discorda. Para ele, o problema das políticas públicas de premiação é que elas não olham para os profissionais ruins.
"Se eu quero uma boa escola, preciso que todo o conjunto de docentes seja bom e não apenas uma elite. A forma de conseguir isso é oferecer bons salários e aumentar o nível de exigência para ser professor", afirma.
Entre as secretarias estaduais de Educação que implantaram algum sistema de avaliação e premiação de professores, há diferenças tanto nos critérios utilizados quanto nos prêmios concedidos aos mais bem avaliados.

EXAME OFICIAL
O esquema mais frequente é avaliação do professor por meio das notas obtidas pelos alunos em exames oficiais, método que é adotado por Ceará, Espírito Santo, Pernambuco e São Paulo.
Se a escola atinge uma nota alta ou se, mesmo tendo nota baixa, apresenta uma melhora de um ano para o outro, premia-se o "esforço coletivo" e todos os profissionais do colégio ganham um bônus ou um prêmio.
Adotado em São Paulo e na Bahia, outro tipo de avaliação utiliza a nota do professor em uma prova individual como requisito para que ele possa progredir na carreira, em vez dos costumeiros critérios de promoção, que levam em conta fatores como titulação e tempo de serviço.

RENDA
Há, ainda, variações de local para local. No Espírito Santo, que fará a sua primeira avaliação neste ano, será considerado também o nível socioeconômico dos alunos.
O objetivo é que fazer com que o professor que dá aula na periferia não seja prejudicado, já que estudantes com maior renda e melhor base familiar têm mais chances de se saírem melhor em exames oficiais, segundo estudos.
Outras secretarias também agregam fatores como a taxa de aprovação dos alunos, a assiduidade do professor e a permanência dele por mais tempo na mesma escola.
Em Minas, são combinados critérios -do desempenho dos estudantes até uma avaliação dos professores feita pela comunidade escolar.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

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