Clipping Educacional - Folha.com/DA FRANCE PRESSE, EM PARIS
Passados nove anos dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, a Al Qaeda se viu forçada a recuar no Paquistão, mas ainda representa uma grave ameaça, que desperta vocações terroristas e impulsiona a ação de grupos aliados, na opinião de especialistas e altos oficiais.
A rede islamita fundada em 1988 pelo saudita Osama bin Laden não parece, no momento, estar em condições de organizar uma conspiração tão complexa como a que destruiu o World Trade Center, em Nova York. No entanto, o simples fato de seus líderes continuarem vivos e livres é uma vitória e uma inspiração para suas tropas e seus aliados, acrescentaram os analistas.
"Os esforços do contraterrorismo puseram a organização em uma de suas posições mais difíceis desde o fim de 2001", disse recentemente Dennis Blair, então diretor do serviço de inteligência nacional americana (DNI).
"No entanto, embora estes esforços tenham tornado mais difícil a organização de planos antiamericanos e operações externas, não bastaram para impedi-los", acrescentou, considerando que "enquanto a pressão exercida contra o refúgio da Al Qaeda contra seus dirigentes e seus chefes operacionais não seja superior à capacidade de recuperação da rede, ela continuará sendo capaz de organizar ataques".
A "pressão" consiste, sobretudo, em ataques de aviões sem piloto americanos que, desde agosto de 2008 bombardearam uma centena de vezes as "casas seguras" da Al Qaeda e os insurgentes paquistaneses da zona tribal situada na fronteira com o Afeganistão, matando mil rebeldes, entre eles vários quadros intermediários da organização.
"A rede está concentrada em sua própria sobrevivência, que está estreitamente ligada à sorte de seus aliados jihadistas no Paquistão", disse Jean-Pierre Filiu, professor na prestigiada Escola de Ciência Política de Paris e autor do livro "Neuf vies d'Al-Qaïda" (Nove vidas da Al Qaeda, em tradução livre).
"A Al Qaeda Central está cada vez mais 'paquistanizada' e quase ausente no Afeganistão. Isto se deve a algo que todo mundo reconhece agora: a relação especial entre o poder paquistanês e (a poderosa rede insurgente) Haqqani, que protege Bin Laden", explicou.
VOLUNTÁRIOS
Embora debilitada, a Al Qaeda continua sendo capaz de receber voluntários estrangeiros para treiná-los nas zonas tribais paquistanesas-afegãs, com a finalidade de tentar organizar atentados no Ocidente. Este foi o caso do americano de origem paquistanesa Faisal Shahzad, que preparou um carro bomba em plena Times Square, em maio passado. A bomba, mal fabricada, não explodiu.
A rede mantém, ainda, vínculos com os grupos jihadistas que lhe juram fidelidade, como a Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) na região africana do Sahel ou a Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), no Iêmen.
Estas organizações preparam operações de forma totalmente independente, mas sua retórica faz referência ao "leão da Jihad" (guerra santa), Osama bin Laden, seu homem-forte, o egípcio Ayman al Zawahiri e assumem a autoria de todos os atentados, inclusive quando falham.
O nigeriano Umar Faruk Abdulmutalab foi treinado no Iêmen pela AQPA antes de tentar detonar explosivos indetectáveis em um avião que fazia o trajeto entre Amsterdã e Detroit, em dezembro de 2009. Só sua falta de perícia impediu a tragédia.
Ainda mais perigosos, visto que são impossíveis de detectar, os "lobos solitários", voluntários e radicalizados individualmente através da internet, passam para a ação por conta própria em nome da "jihad global".
Tal seria o caso do psiquiatra militar Nidal Hasan, americano de origem palestino, que atirou em soldados de sua base no Texas, matando treze pessoas.
Philip Mudd, ex-agente do FBI e do centro antiterrorista da CIA, destaca que a "aparição destes jihadistas motivados pela ideologia significa que, inclusive se a ameaça estratégica da Al Qaeda diminui (...), a ameaça aumenta. Embora o grupo de origem sofra e talvez desapareça, o movimento está vivo e em bom estado".
fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
A rede islamita fundada em 1988 pelo saudita Osama bin Laden não parece, no momento, estar em condições de organizar uma conspiração tão complexa como a que destruiu o World Trade Center, em Nova York. No entanto, o simples fato de seus líderes continuarem vivos e livres é uma vitória e uma inspiração para suas tropas e seus aliados, acrescentaram os analistas.
"Os esforços do contraterrorismo puseram a organização em uma de suas posições mais difíceis desde o fim de 2001", disse recentemente Dennis Blair, então diretor do serviço de inteligência nacional americana (DNI).
"No entanto, embora estes esforços tenham tornado mais difícil a organização de planos antiamericanos e operações externas, não bastaram para impedi-los", acrescentou, considerando que "enquanto a pressão exercida contra o refúgio da Al Qaeda contra seus dirigentes e seus chefes operacionais não seja superior à capacidade de recuperação da rede, ela continuará sendo capaz de organizar ataques".
A "pressão" consiste, sobretudo, em ataques de aviões sem piloto americanos que, desde agosto de 2008 bombardearam uma centena de vezes as "casas seguras" da Al Qaeda e os insurgentes paquistaneses da zona tribal situada na fronteira com o Afeganistão, matando mil rebeldes, entre eles vários quadros intermediários da organização.
"A rede está concentrada em sua própria sobrevivência, que está estreitamente ligada à sorte de seus aliados jihadistas no Paquistão", disse Jean-Pierre Filiu, professor na prestigiada Escola de Ciência Política de Paris e autor do livro "Neuf vies d'Al-Qaïda" (Nove vidas da Al Qaeda, em tradução livre).
"A Al Qaeda Central está cada vez mais 'paquistanizada' e quase ausente no Afeganistão. Isto se deve a algo que todo mundo reconhece agora: a relação especial entre o poder paquistanês e (a poderosa rede insurgente) Haqqani, que protege Bin Laden", explicou.
VOLUNTÁRIOS
Embora debilitada, a Al Qaeda continua sendo capaz de receber voluntários estrangeiros para treiná-los nas zonas tribais paquistanesas-afegãs, com a finalidade de tentar organizar atentados no Ocidente. Este foi o caso do americano de origem paquistanesa Faisal Shahzad, que preparou um carro bomba em plena Times Square, em maio passado. A bomba, mal fabricada, não explodiu.
A rede mantém, ainda, vínculos com os grupos jihadistas que lhe juram fidelidade, como a Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) na região africana do Sahel ou a Al Qaeda na Península Arábica (AQPA), no Iêmen.
Estas organizações preparam operações de forma totalmente independente, mas sua retórica faz referência ao "leão da Jihad" (guerra santa), Osama bin Laden, seu homem-forte, o egípcio Ayman al Zawahiri e assumem a autoria de todos os atentados, inclusive quando falham.
O nigeriano Umar Faruk Abdulmutalab foi treinado no Iêmen pela AQPA antes de tentar detonar explosivos indetectáveis em um avião que fazia o trajeto entre Amsterdã e Detroit, em dezembro de 2009. Só sua falta de perícia impediu a tragédia.
Ainda mais perigosos, visto que são impossíveis de detectar, os "lobos solitários", voluntários e radicalizados individualmente através da internet, passam para a ação por conta própria em nome da "jihad global".
Tal seria o caso do psiquiatra militar Nidal Hasan, americano de origem palestino, que atirou em soldados de sua base no Texas, matando treze pessoas.
Philip Mudd, ex-agente do FBI e do centro antiterrorista da CIA, destaca que a "aparição destes jihadistas motivados pela ideologia significa que, inclusive se a ameaça estratégica da Al Qaeda diminui (...), a ameaça aumenta. Embora o grupo de origem sofra e talvez desapareça, o movimento está vivo e em bom estado".
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