sábado, 18 de setembro de 2010

Ensino médio, o gargalo da educação no Brasil

Clipping Educacional - Veja.com
Apesar dos avanços no acesso à escola, só 40% dos jovens entre 18 e 24 anos economicamente ativos completam 11 anos de estudo, alerta o IBGE
Fazer com que os jovens cheguem ao ensino médio – e permaneçam nele – é hoje um dos principais desafios para que o Brasil consiga incluir, de fato, a maior parte da população nas conquistas econômicas pretendidas para o país. Apesar do avanço demonstrado ano a ano, ainda é lento o ritmo de crescimento da proporção de adolescentes que conseguem atingir a barreira dos 11 anos completos de escola – um marco importante para alavancar a entrada no mercado formal de trabalho. O quadro é mais grave na população mais pobre, que depende da rede pública. Mas quando os resultados da educação são confrontados com as estatísticas de países desenvolvidos e mesmo de vizinhos da América Latina, observa-se que essa é uma deficiência a ser corrigida – com maior ou menor grau de complexidade – em todo o território nacional.
A conclusão da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) de 2009, apresentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira, é de que o país tem feito avanços importantes quando o assunto é promover o acesso à escola, principalmente em relação à educação infantil – faixa que compreende crianças de 0 a 5 anos. No entanto, as deficiências acumuladas desta fase até a conclusão da educação básica – que inclui a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio – fazem com que menos da metade das pessoas de 18 a 24 anos economicamente ativas concluam esta etapa.
O estudo, baseado na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad), mostrou que, em 2009, 40,9% das pessoas de 18 a 24 anos economicamente ativas tinham conseguido completar os primeiros 11 anos de estudo. A proporção, em 1999, era de 21,7% - um avanço importante, mas insuficiente. A coordenadora geral da pesquisa, Ana Lucia Sabóia, sublinha o progresso obtido na última década. “Hoje em dia, há uma proporção maior de pessoas no mercado de trabalho com uma melhor escolaridade”, avalia, considerando que há um ganho para todo o mercado de trabalho.
Romper a barreira do ensino médio é algo ainda mais difícil. Os que conseguem, na mesma faixa de idade, passar dos 11 anos de escola – o que pode significar tanto a qualificação técnica ou a chegada à universidade – são apenas 15,2% da população. Em 1999, esse percentual era de 7,9%.
O Brasil desponta, entre os países do Mercosul, como o campeão em um ranking nocivo para a educação: tem a maior taxa de abandono entre os países que compõem o bloco econômico, como indica a SIS. E o ensino médio é a etapa em que esse comportamento é mais frequente: 10% dos estudantes não completam o ciclo. Argentina e Uruguai, por exemplo, têm taxas de 7% e 6,8%. Chile (2,9%), Paraguai (2,3%) e Venezuela (1%) completam o pódio de jovens com estudos incompletos.
Entre as razões cogitadas para essa leva de desistência estão, acreditam os pesquisadores, a necessidade de procurar trabalho, favorecida, em grande medida, pelo grau de inadequação da idade de grande parte dos estudantes às séries que cursam no momento.
“Apenas 50% dos adolescentes de 15 a 17 anos cursando o nível correto para a sua idade. Sem dúvida nenhuma, isso é reflexo das décadas passadas quando havia uma fragilidade do sistema educacional”, detalha Ana Lucia, referindo-se à taxa de escolarização líquida – ou uma análise da relação entre as idades dos alunos matriculados e a série que deveriam estar cursando.
No Brasil, apenas metade dos estudantes entre 15 e 17 anos estão matriculados nas séries indicadas para essas idades. A situação é melhor no Sudeste (60,5%), no Sul (57,4%) e no Centro-Oeste (54,7%). Norte e Nordeste, as piores regiões nesse quesito, têm pouco mais de 39% dos estudantes nas séries adequadas nessa faixa etária. Não é difícil imaginar, por exemplo, um jovem que, mesmo desejando completar o ensino médio, seja obrigado por suas condições financeiras a trocar a sala de aula por um subemprego.
O capítulo da pesquisa dedicado à educação alerta que essa inadequação pode ter origem nos atrasos ocorridos nos primeiros anos da educação. Como a maioria das crianças brasileiras ingressa na escola sem antes ter cursado o pré-escolar, há um atraso médio de dois anos no ensino fundamental. Essa deficiência é comprovada pela média de anos de estudo das crianças entre 10 e 14 anos – que, em condições ideais, devem chegar à média de sete anos de escola. A média constatada em 2009 foi de 5,8 anos de estudo, um aumento de apenas 0,8 ano em relação a 1999. Ou seja, no intervalo de uma década, o Brasil conseguiu aumentar em menos de um ano o tempo médio de escola das crianças nessa faixa etária.
Os atrasos acumulados até o ensino médio produzem um quadro que põe o Brasil em situação desfavorável. Como detalha a pesquisa, a média de anos de estudo das pessoas a partir de 25 anos de idade é o que revela as condições de escolaridade de uma sociedade. No Brasil, em 2009, esta média era de 7,1 anos de estudo – ou seja, abaixo da conclusão do ensino fundamental.
A Síntese de Indicadores Sociais é uma análise das condições de vida da população brasileira em 2009, feita a partir das informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e com cruzamento de dados de outros estudos do IBGE.
fonte: http://veja.abril.com.br/

Um comentário:

  1. Ola passei a ser seguidora do blog até porque ja o sigo a bastante tempo.Boa semana!!!

    ResponderExcluir