terça-feira, 20 de julho de 2010

Enem 2009 revela que das mil piores escolas do país, 97,3% são estaduais

Evandro Éboli
Clipping Educacional – O Globo
BRASÍLIA - As escolas das redes estaduais de educação voltaram a apresentar o pior desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2009). O resultado, divulgado pelo Ministério da Educação, revela o tamanho do desafio que os governadores eleitos terão de enfrentar diante do ensino de péssima qualidade oferecido pelos estados. Quase sete mil escolas de todo o país tiraram média abaixo de 500, numa escala que vai de 0 a 1.000. Dessas, nada menos que 97,8% são das redes estaduais. Entre os estabelecimentos de ensino reprovados no Enem 2009 com média abaixo de 500, há apenas quatro escolas federais.
As notas do Enem por escola estão disponíveis no site do Ministério da Educação a partir desta segunda-feira. A situação também é dramática quando se avalia quem é quem entre as mil melhores escolas do país. Na relação, aparecem apenas 26 escolas estaduais, duas municipais e 85 federais. Há um predomínio absoluto das escolas privadas entre as melhores: 887 são particulares.
As redes estaduais de ensino médio respondem por 85,9% das matrículas no país e recebem 7,16 milhões de estudantes, do total de 8,33 milhões no país. As escolas privadas têm 973 mil alunos (11,6%). Outra avaliação do MEC, divulgada no início do mês - o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) -, revelou o abismo que separa a rede pública da privada: o Ideb do ensino médio nas redes estaduais ficou em 3,4, na escala até 10. O da rede particular, em 5,6.
A adesão ao Enem é voluntária. Estudantes da rede pública e privada se inscrevem individualmente. O MEC divulga nesta segunda-feira as notas médias de 24.157 escolas no Enem 2009. Outras 12.448 escolas ficaram sem nota porque menos de dez alunos fizeram a prova.
Joaquim Neto, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) - órgão responsável pelo exame, vinculado ao MEC -, diz que os resultados devem servir de base para análises sobre o que está surtindo efeito ou não em termos de aprendizagem. Ele ressalva, porém, que o Enem não é feito por todos os estudantes do terceiro ano do ensino médio, já que a inscrição é voluntária. Assim, a média de cada escola tem relação direta com os alunos que fizeram ou deixaram de fazer o exame.
- Os dados do Enem têm que ser olhados com cuidado, porque o exame é voluntário. A escola tem que olhar qual foi o perfil dos estudantes que participaram - diz ele.
No Rio, só São Bento entre as 10 mais
O Enem substitui ou complementa vestibulares em dezenas de universidades federais. O exame também seleciona bolsistas do ProUni (programa Universidade para Todos), dá certificado de conclusão do ensino médio a quem não cursou a rede regular de ensino e orienta pais e responsáveis sobre o nível de aprendizagem na instituição onde o filho estuda.
O Vértice Colégio Unidade II, de São Paulo, aparece como a melhor escola em todo o país. Ao todo, 37 dos 62 alunos matriculados no terceiro ano da escola submeteram-se ao Enem. A média total do colégio, somando prova objetiva e redação, foi de 749,70. No Rio, a instituição mais bem classificada foi o Colégio São Bento, que ficou em terceiro lugar no ranking nacional.
Entre as dez escolas com melhor desempenho, a única que não é privada é o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG) - uma escola de ensino médio federal, que ocupa o sétimo lugar. Em 2009, os estabelecimentos federais tinham 90 mil alunos de ensino médio no país (1% do total).
As outras nove escolas do topo do ranking são privadas, na seguinte ordem de classificação: Colégio Vértice (SP), Instituto Dom Barreto (Teresina-PI), Colégio São Bento (Rio), Colégio de Educação Básica Alphaville (Campinas-SP), Colégio Alexander Fleming (Campo Grande-MS), Colégio Olimpo (Brasília-DF), Colégio Bernoulli (Belo Horizonte-MG), Colégio Hellyos (Feira de Santana-BA), Mobile Colégio (São Paulo-SP).
Quase a totalidade das mil piores escolas do país, segundo o Enem 2009, é da rede estadual. Apenas dez privadas (1%) estão nessa relação; 17 são municipais (1,7%), e 973 são estaduais (97,3%). A Escola Estadual Indígena Dom Pedro I, da área rural de Santo Antônio do Içá, no Amazonas, ocupa o último lugar. A nota média foi de 249,25 em 1.000. Ao todo, 40 dos 58 alunos do colégio em condições de prestar o Enem fizeram as provas.
Fonte: http://oglobo.globo.com

Um comentário:

  1. Lamentável é comparar situações incomparáveis...Uma escola indígena não pode ser comparada com uma escola urbana do RJ ou de SP. O currículo é diferente, a realidade é outra. A prova deveria também ser diferente.O INEP precisa rever isto. Sônia Pozzato

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