sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ter uma "nota" incentiva as escolas a melhorarem qualidade da educação, avaliam especialistas

Karina Yamamoto*
Clipping Educacional - Em Foz do Iguaçu
O fato de ter um índice que avalie a escola pode ajudar a melhorar a qualidade da educação na instituição. Entre os estabelecimentos que tiveram maior salto no Ideb entre as edições de 2005 e 2007, a motivação primeira para a melhora foi "o próprio Ideb", contou Maria do Pilar Lacerda. "Parece óbvio", disse a secretária da Educação Básica do MEC (Ministério da Educação). Mas, segundo ela explicou, os gestores passaram a ter parâmetros para medir a situação de suas escolas -- e com isso estabelecer metas de melhoria.
Desde sua criação em 2007, a percepção sobre o indicador mudou. "Hoje há uma expectativa [de quando os resultados vão sair]", diz Pilar. Os resultados de 2009 devem ser divulgados em junho -- o Ideb é calculado a cada dois anos.
"As escolas diziam: melhoramos quando conhecemos os resultados, isso nos motivou", disse Jorge Fasce, sobre algumas instituições que apresentaram aumento nos índice das avaliações nacionais da Argentina. Coordenador da área de avaliação do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia daquele país, Fasce contou que algumas províncias de seu país preferem não abrir as "notas" das escolas enquanto outras usam justamente a divulgação para estimular mudanças. No BRasil, o MEC disponibiliza os dados de todas as escolas para o público.
Para Pilar, o fato de consolidar um indicador como o Ideb vai além das melhoras na escola. O índice, na opinião da secretária, tornou-se um instrumento de política pública. "Deixamos de ter um balizamento paroquial e clientelista e passamos a ter uma nova baliza institucional", disse. O MEC utiliza o Ideb como parâmetro para aporte de verbas e apoio pedagógico.
Qualidade da educação
Toda avaliação parte do que se quer medir e como essas habilidades e conhecimentos serão mensurados, explicou Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep, autarquia do MEC responsável pelo Ideb e pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). "Incluir valores, como a socialização [entre o que se quer que o aluno aprenda na escola] é um debate a ser feito", ponderou Reynaldo. Atualmente a Prova Brasil, que compõe o Ideb juntamente com a taxa de reprovação, avalia a aprendizagem de habilidades cognitivas.
Reynaldo também avalia o impacto da avaliação na condução dos projetos pedagógicos: "o índice não chega com o diagnóstico [de onde a escola acertou ou falhou]". E, se a escola entende o propósito da avaliação, esse é um momento de reflexão.
O debate "O que avaliamos quando medimos a qualidade na educação?" faz parte da programação de um encontro latino-americano, que acontece de 28 a 30 de abril em Foz do Iguaçu.
*A jornalista viajou a convite do MEC (Ministério da Educação).
Fonte: http://educacao.uol.com.br

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