sexta-feira, 26 de março de 2010

Secretaria da Educação de SP descarta acordo com professores em greve

Clipping Educacional - da Folha de S.Paulo
Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo descartou negociação com os professores da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo). A categoria está em greve desde o dia 8.
A secretaria também declarou que repudia a manifestação que os professores realizaram hoje durante a inauguração de um centro de saúde, onde estava presente o governador José Serra. Durante o ato de protesto, a polícia prendeu quatro professores após conflito com a tropa de choque.
De acordo com a secretaria, as agressões cometidas pelos sindicalistas mostram um caráter autoritário e motivação política e eleitoral. "Trata-se de uma ínfima minoria de radicais, pois a quase totalidade dos professores da rede estadual não aderiu a uma tentativa de greve", diz a nota.
A Secretaria da Educação reforçou que não vai mudar nenhum dos programas combatidos pelos sindicalistas.
Segundo a Apeosp, os professores detidos foram liberados pela polícia por volta das 18h. Foi elaborado o boletim de ocorrência na Delegacia de Franco da Rocha e os professores irão passar por exame de corpo de delito.

Conflito
A Polícia Militar prendeu quatro professores da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) após conflito durante a cerimônia de inauguração das novas instalações de um centro de atenção à saúde mental do governo do Estado em Franco da Rocha (Grande SP), na tarde desta quarta-feira.
A Apeoesp é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) e alinhado ao PT. A categoria está em greve desde o dia 8 de março.
Quando Serra subiu ao palanque, um grupo de cerca de 30 manifestantes pegou apitos, faixas e cartazes para protestar. Imediatamente, um contingente de pouco mais de 20 policiais militares, três deles com escudos, começou a tentar calar a manifestação.
Segundo o comandante do 26º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel José Carlos de Campos Júnior, a ação policial ocorreu porque os manifestantes insistiram em fazer um apitaço mesmo depois de a polícia ter avisado que não seria tolerado barulho, por se tratar de uma área hospitalar. A nova unidade fica no mesmo terreno do prédio que já atende pacientes, embora separada.
A professora Mara Cristina de Almeida, diretora da Apeoesp em Franco da Rocha, estava presente na manifestação e relatou que cerca de 60 professores compareceram à inauguração. A Tropa de Choque impediu os manifestantes de participar do evento e se aproximar do governador, de acordo com a diretora.
Segundo Almeida, os professores começaram a gritar em repúdio. Os policiais agrediram os manifestantes com golpes de cassetete e jogaram spray de pimenta contra eles. Um professor teve ferimentos leves. Quatro foram presos e encaminhados para a Delegacia de Franco da Rocha. Um deles chegou a ser algemado. À Folha, todos disseram ser professores, informação confirmada pela polícia.
Os manifestantes detidos foram liberados pela polícia por volta das 18h de quarta, informou a Apeoesp. Foi elaborado o boletim de ocorrência na Delegacia de Franco da Rocha e os professores irão passar por exame de corpo de delito.
Serra
O governador, que deixará o cargo na próxima quarta-feira, vem realizando uma série de inaugurações nas últimas semanas. Houve protestos na semana passada em eventos na capital e no interior. Serra acusa os manifestantes de agirem com objetivo político e chegou a chamar os protestos de "trololó" na semana passada.
Serra viu a confusão de frente, sentado no palanque. Em seu discurso, que por vezes era abafado por palavras de ordem vindas dos manifestantes, que o chamavam de "picareta" e "vendido", não fez qualquer referência ao protesto dos professores grevistas.
Depois, em rápida entrevista, não respondeu a uma pergunta da Folha a respeito da manifestação. Apenas balançou a cabeça para os lados, como quem não quer falar, e saiu.
O deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), também presente ao evento, considerou natural a atitude do governador ao ignorar o protesto.
"O que você quer que ele faça? Que vá até lá e converse com as pessoas? O que eles querem é gritar", disse Aníbal. Para o deputado, a proximidade da saída de Serra para disputar a eleição deixa os sindicalistas "mais excitados". "É da luta política. Agora, tem limite." Segundo a diretora da Apeoesp em Franco da Rocha, Mara Cristina de Almeida, os professores ficaram sabendo na tarde de anteontem, extraoficialmente, que o governador estaria presente no evento.
Como o mesmo grupo já estava visado desde a semana passada, por conta de manifestação em Francisco Morato, município vizinho, quando um ovo foi arremessado contra o carro de Serra, os sindicalistas entraram na inauguração em pequenos grupos, sem nada que indicasse aos policiais, que montaram duas barreiras, que tratava-se de professores.
Uma assembleia de professores está marcada para sexta-feira (26), no Palácio dos Bandeirantes. Serra não deve estar presente, pois vai participar do encerramento do 54º Congresso Estadual de Municípios, em Serra Negra (150 km da capital).
O governador declarou na semana passada que o movimento grevista dos professores do Estado é apenas "marketing" e não está prejudicando as atividades na maioria das escolas.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Comunicação do governo de São Paulo afirma que cerca de 20 manifestantes estavam no local da inauguração e que estes não queriam negociar, "mas sim de esbravejar, agredir, atirar objetos e dizer palavras de ordem eleitorais".
Os manifestantes também teriam agredido um policial militar, segundo a Secretaria.

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