quinta-feira, 18 de março de 2010

Pela melhora verdadeira da educação estadual

MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA
Clipping Educacional - Editorial
É aceitável que professores estaduais tenham condições de trabalho tão ruins para cumprir função das mais importantes na sociedade?
O ARTIGO "'Melhora sutil'" ("Tendências/Debates", 4/3), do secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, tenta transformar os resultados do Saresp em indicador da melhoria da qualidade do ensino. Mas educadores e especialistas concordam que os resultados da avaliação foram "pífios" ou, quando muito, "insuficientes".
Os investimentos em educação vêm caindo ano a ano no Estado de São Paulo. Em 2009, o governo estadual deixou de gastar R$ 360 milhões no setor educacional. Neste ano, não há previsão de reajuste salarial para o magistério.
Todo profissional precisa ser bem remunerado, ter carreira justa, condições de trabalho e jornada de trabalho adequada. Por que no caso dos professores seria diferente?
A greve que realizamos neste momento busca o atendimento dessas reivindicações. Nossos salários estão defasados e precisam ser reajustados em 34,3% para recuperar o poder de compra de março de 1998.
O secretário tenta comparar o incomparável ao dizer que, se um aumento de 5% no PIB nunca seria considerado "sutil", o aumento do Idesp (indicador criado a partir do Saresp) deveria ser comemorado.
Como economista, o secretário deveria perceber que a comparação é descabida. Não há equivalência entre o crescimento do PIB, que mede as riquezas materiais produzidas pela nação, com os resultados do processo ensino-aprendizagem.
Para nós, os resultados de avaliações não são absolutos nem totalmente quantificáveis. O principal resultado da educação é a formação de cidadãos e cidadãs. O ser humano deve ser o centro do processo educativo.
As avaliações são importantes instrumentos para a localização dos problemas e das potencialidades de cada aluno, classe, equipe, escola e do sistema como um todo. Ajudam a rever métodos, readequar conteúdos e direcionar atenção e recursos aos elos mais frágeis.
Mas seus resultados estão condicionados por um conjunto de fatores que inter-relacionam e precisam ser considerados em qualquer avaliação. Pela forma como o governo lê os resultados das avaliações, a gestão educacional nada tem a ver com eles. As autoridades educacionais, assim, isentam-se de responsabilidade.
O secretário diz que "os professores são vítimas de um sistema de formação docente que privilegia o teórico e o ideológico em detrimento do conteúdo e da didática". Por que, então, a prova aplicada aos professores temporários foi focada na aferição de conhecimentos teóricos e não avaliou a prática pedagógica? Não acreditamos em teoria sem prática nem em prática sem teoria.
É também por meio de uma prova de conhecimentos que o governo define quais professores terão direito a reajuste salarial, ainda assim limitando a "até" 20% da categoria.
O governo bate na tecla da má formação dos professores. Por que não promove, então, programas de formação continuada no local de trabalho durante a jornada do professor? Por que se opõe à destinação de um terço da jornada de trabalho para atividades de formação e atualização da categoria? Por que aplica apenas o mínimo (20%) definido para essa finalidade pelas diretrizes nacionais, enquanto a capital, por exemplo, destina 33% da jornada para tal fim? Além disso, os cursos promovidos pela secretaria são insuficientes e restritivos.
Não aceitamos a afirmação de que nossas posições têm motivações eleitorais. As ações da Apeoesp são determinadas pelas representações em todas as regiões do Estado. A greve é deliberada por pessoas que, nesse sentido, assumem uma posição política.
Sou presidenta do maior sindicato da América Latina, não sou candidata a nenhum cargo nas eleições de outubro, mas, como cidadã, não tenho o direito a preferência partidária? O governador, sim, é candidato.
Por que o governador e o secretário podem ser vinculados a uma organização partidária, o PSDB, e o restante da população não pode? Paulo Freire dizia que não existe neutralidade na educação. A própria neutralidade é, na verdade, uma posição política diante da realidade.
O que importa, mesmo, é saber se a educação estadual, hoje, corresponde às necessidades da população. É aceitável que os professores estaduais tenham salários tão baixos e condições de trabalho tão ruins para cumprir uma das funções mais importantes na nossa sociedade?
Lançamos aqui um desafio ao secretário: promova a reposição do poder de compra dos nossos salários e nos dê um tempo. O senhor e toda a população verão que a educação vai melhorar -e muito.
MARIA IZABEL AZEVEDO NORONHA é presidenta da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual) e membro do Conselho Nacional de Educação.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/

2 comentários:

  1. Para os sindicalistas da APEOESP: sou professor efetivo e batalhei muito para me efetivar em um concurso ELIMINATÓRIO. Vocês do sindicato só defendem os pseudo-professores encostados que estão no Estado há 30 anos e não conseguem passar num concurso porque têm PREGUIÇA de se atualizar ou porque perdem o tempo em politicagens sindicais. Nunca nenhum de vocês lutou por mim, só pelos encostados. E agora têm a cara de pau de promover uma greve cujo ÚNICO OBJETIVO é acabar com as provas para colocar em sala de aula professores competentes. Dizem que querem um aumento de salário irreal (34%, sabemos ser impossível) só para atrair os incautos para reforçar as fileiras desse movimento fajuto orquestrado por um sindicato falido moralmente. CRIEM VERGONHA!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. ue????? se não tava na paulista não vitor??????? te vi la meu, puta coisa feia trabalhando pro serra e pro paulo renato , que vc faz é carrapato de saco também puxa deve ser um emprego meio mole em menina?????

    ResponderExcluir