domingo, 24 de janeiro de 2010

São Paulo admite ter de usar professor reprovado em exame


FÁBIO TAKAHASHI
Clipping Educacional - da Folha de S.Paulo
A Secretaria da Educação de SP anunciou ontem (22) que poderá atribuir aulas a professores reprovados em seu processo de seleção para docentes temporários para a educação básica.
Dos temporários que já trabalharam na sala de aula (pouco menos da metade do total de docentes), 40% foram reprovados --não conseguiram acertar metade das 80 questões.
Segundo o secretário da Educação, Paulo Renato Souza, haverá dificuldades para preencher vagas em algumas escolas, principalmente para as matérias de física e matemática.
Ao justificar a possibilidade de convocar professores reprovados, o secretário afirmou que "a nossa prioridade é garantir aulas aos alunos".
Os sindicatos do setor dizem que é quase certo que os abaixo da nota de corte sejam convocados, principalmente para atuar na periferia das cidades da Grande SP, onde o desempenho dos alunos já é mais baixo.
Ainda não é possível saber quantos dos reprovados terão de lecionar, pois o processo de distribuição de aulas não começou --primeiro escolhem os concursados; os temporários preenchem as aulas que faltam.
Apesar do ano passado ter terminado com 80 mil temporários e cerca de 130 mil concursados, a rede chegou a precisar de mais de 100 mil não concursados (para suprir casos como licença e aposentadoria).
Além dos temporários, o exame também foi feito por outros candidatos --total de 182 mil, dos quais 48% não atingiram a nota de corte. O total de aprovados foi de 94 mil.
Novo discurso
A prova para seleção de temporários foi adotada no ano passado pelo governo José Serra (PSDB). Antes, o critério para a contratação eram os diplomas do candidato e o tempo de serviço.
Ao lançar o projeto, o governo afirmou que quem não atingisse a nota mínima não poderia lecionar. A possibilidade de reprovados darem aulas neste ano letivo foi anunciada ontem.
Paulo Renato afirmou que o corpo docente deste ano está melhor. A explicação do secretário é que foi "uma inovação" classificar docentes com base em seus conhecimentos.
Disse ainda que, caso tenha de contratar os reprovados, serão selecionados os de melhor desempenho. Além disso, a pasta irá criar cursos a distância para capacitação específica em física e matemática.
Um atenuante para o desempenho dos docentes, afirma Paulo Renato, foi a dificuldade das provas, consideradas por ele como "complexas e longas".
O presidente do CPP (um dos sindicatos dos docentes), José Maria Cancelliero, teve avaliação semelhante. O exame foi feito pela Vunesp, que aplica o vestibular da Unesp.
Além de permitir que reprovados lecionem, o governo alterou outro critério. Inicialmente, só iria valer a nota da prova. Após negociar com sindicatos, a pasta decidiu levar em conta o tempo de magistério (que dá bônus de até 20% na nota).
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

4 comentários:

  1. Não sei porque tanto espanto nessa matéria. Tudo é uma questão simples de aritmética. Não existem professores suficientes para assumirem todo universo das aulas que são oferecidas. Contrata-se, então, os professores que passaram ou não em tal provinha ou fecha-se a maioria das escolas de São Paulo. Se houvesse uma política educacional séria deveria-se então procurar qualificar melhor todos os professores da rede, incentivar aos alunos a cursarem cursos de licenciatura de qualidade, fazer com que a profissão professor seja mais atraente e valorizada, pagar melhores salários e abrir mais concursos. Enquanto não houver uma preocupação em buscar melhores profissionais, dar condições dignas de trabalho, valorizar e motivar esses profissionais, a situação não vai melhorar. O governo juntamente com a mídia se preocupa em criticar, pois é mais fácil. Por que tantos professores tiram licença? Por que tantos professores faltam? Por que será que os professores não se atualizam? Por que será? Será porque não temos um plano de estado e não de governo voltado para a educação?

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  2. Faltou seriedade no trato com a gestão pública. Os professores temporários durante muito tempo serviram aos governos que se sucederam. Agora vem esse governo SERRA e tenta desqualiificá-los.
    Nesses últimos 15 anos tudo o que ocorre com a educação em São Paulo é responsabilidade do PSDB que nunca investiu de forma séria e eficaz nos seus profissionais. Embora essas provas quantifiquem e esses números servem para compor dados estastísticos essas mesmas provas não qualificam ninguém. Quem trabalha realmente na educação sabe o que estou dizendo. Muitas teorias que são cobradas não são utilizadas no dia-a-dia, ou seja, servem apenas para esses concursos. Além do mais, um professor não é só o conhecimento de uma prova e a sua formação e vivência não são avaliadas. Cansei de ver nas escolas nas quais trabalhei, ótimos professores teóricos que alcançavam ótimos desempenhos em concursos e na sala de aula não davam conta. Para concluir estou convicto que os professores que muitos criticam são na realidade espelhos dos nossos governantes que jamais valorizam e qualificaram tais profissionais. Profissional não respeitado,não valorizado, não motivado, não rende e o bom resultado não aparece.

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  3. concordo com anonimo do primeiro comentário, a paz

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  4. É um problema muito sério, este da qualificação por concurso. Existe também para cartórios, e outros. Acho correto sim, porém, é evidente que deveria haver bom senso em colocar perguntas que se referissem ao padrão mínimo necessário para se entrar em sala de aula como professor, e também deveria haver apoio ao professor, para que possam estar sempre atualizados.
    Agora, tenho que concordar que, além do conhecimento teórico,bons professores são aqueles que também se esforçam para desenvolver o seu "dom" para a coisa!
    abraço, Vera.

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