terça-feira, 27 de outubro de 2009

Secretário de Educação de São Paulo ataca faculdades de pedagogia e sindicatos

Clipping Educacional - CGC Educação / Veja (25.10.2009)
Paulo Renato Souza defende a cobrança de mensalidade nas universiade públicas e elogia o trabalho do Ministério da Educação
Em entrevista à reviste Veja, o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Paulo Renato Souza, culpou as faculdades de pedagogia pela má formação dos professores e acusou o sindicato dos professores (Apeoesp) de não estar preocupado com o ensino dos alunos.
Ex-ministro da Educação no governo Fernando Henrique Cardoso, ele também defendeu a cobrança de mensalidades nas universidades públicas e elogiou o seu projeto que prevê aumento salarial dos professores mediante aprovação em provas de avaliação, que deve ser sancionado em breve pelo governador.
Segundo ele, as universidades que pretendem formar professores "passam ao largo da prática da sala de aula e optam por se dedicar a questões mais teóricas". Na opinião dele, há muita discussão ideológica e resistência em mudar, principalmente da USP e Unicamp. "(As faculdades de pedagogia acabam se perdendo em debates sobre o sistema capitalista", afirmou em entrevista à editora Monica Weinberg. "O que se discute hoje nessas faculdades está muito distante de qualquer ideia que seja cientificamente aceita, mesmo dentro da própria ideologia marxista. A resistência vem de universidades como USP e Unicamp, as maiores do país".
Paulo Renato defendeu a cobrança de mensalidades nas universidades públicas para quem pode pagar e disse que elas tem "um terrível preconceito" contra o setor privado. "Qualquer contato com as empresas é visto como um ato de 'venda ao sistema'", disse. Para ele, se as universidades ficarem longe das empresas elas serão menos produtivas e inovadoras.
O secretário de Educação de São Paulo classificou de "bobagem" preservar a universidade gratuita e cobrou mais pragmatismo na educação. "Preservar a universidade gratuita virou uma questão de honra nacional. Bobagem. É preciso, de uma vez por todas, começar a enxergar as questões da educação no Brasil com mais pragmatismo e menos ideologia", afirmou.
Umbigo
Paulo Renato acredita que seu projeto de condicionar os aumentos salariais dos professores à aprovação em provas poderá atrair os jovens para a carreira do magistério. "O plano de São Paulo não apenas eleva os salários, o que é um chamariz por si só, mas faz isso reconhecendo, por meio de avaliações, o mérito dos melhores profissionais", afirmou à revista.
O secretário acusou os sindicatos de "puro corporativismo" por se manifestarem contrários ao projeto. "Está claro que os sindicatos estão focados cada vez mais no próprio umbigo e menos nas questões relativas à educação", acusou. Para ele, "o movimento sindical politizou-se a um ponto tal que não se acham mais nele pessoas realmente interessadas em educação". Ele disse que "os sindicatos estão tomados por partidos radicais de esquerda", são "insignificantes" e defendem um "ideário atrasado e contraproducente para o ensino".
Ele considera "um absurdo" que os professores critiquem a existência de uma prova para avaliar o trabalho deles. "A crítica expressa também uma resistência à avaliação, que até hoje se vê arraigada em certos setores da sociedade brasileira", afirmou.
O secretario se disse contrário ao conceito de isonomia e lembrou que o limite os número de promoções a 20% por ano evitará um rombo no orçamento. "A maior preocupação (do sindicato) é lutar por direitos iguais para todos - velha bandeira que ignora qualquer noção de meritocracia; 20% é um teto razoável: evita um rombo no orçamento e promove uma bem-vinda competição", afirmou.
Na entrevista, ele elogiou a posição do Ministério da Educação, que segundo ele, adota políticas com base em avaliações, metas e cobrança de resultados, mas se disse contrário à divulgação de rankings. "Diria que eles chegam até a exagerar na dose, divulgando rankings que, como ministro, eu mesmo preferia não trazer a público. É o caso do Enem", afirmou. Paulo Renato diz que o problema do Enem é que "ele não necessariamente traduz a qualidade de ensino na escola como um todo", já que não é obrigatório. "E se apenas os bons alunos de determinado colégio se submeterem à prova? O retrato sairá distorcido", reconhece, apesar de considerar que o exame "até espelha bem a realidade".

Um comentário:

  1. Acredito que o Sr Paulo Renato não tem condições de falar da carreira de professor, pois não me lembro de tê-lo visto entrar em minha escola e conversar com um professor para saber sobre quais ansiedades e situações nós vivemos todos os dias dentro de uma sala de aula.
    Não sou contra que se avalie o professor por provas pois acredito que só devam atuar os mais preparados, mas os critérios usados neste novo projeto,já aprovado, são excludentes.
    Se somente 20% dentre os melhores colocados e que tiverem 100% de assiduidade terão o direito de receber um aumento, pois não há verba suficiente para pagar a todos, qual o "mérito" que o restante, que também foi bem colocado, mas que tem 99,9% de assiduidade receberá?
    Qual professor ou profissional não precisou abonar um dia de trabalho para ir ao médico?
    O Sr Paulo Renato nunca precisou ir ao médico? Ou ainda resolver assuntos de ordem particular (reunião de seus filhos, vistoria de veiculo, ida a cartório ou bancos, etc...?). É claro que não! Ele deve ter assessores muito bem pagos para assumir essas responsabilidades, inclusive de ordem médica ou odontologica.
    Sei que estou sendo irônica, mas o Sr. Paulo Renato, deixou de receber um aumento de salário, porque não teve 100% de frequência?
    É lamentável que um representante da educação não se disponha a conhecer mais de perto o trabalho dos professores e vá a imprensa para falar mal da instituições públicas e privadas (incluindo a dele).
    Todos nós sabemos que no final o que se dirá na imprensa é que os professores que não receberam o aumento (mesmo que tenham sido incluidos nos 20%, mas que não receberam por falta de verba) não estão qualificados para atuar.
    E nós professores oque faremos?
    Insatisfeitos com a falta de ética dos nossos governantes, entraremos em nossas salas de aula e faremos o melhor que pudermos por nossos alunos, independente do mérito.
    Abraços a todos
    Cris Chabes

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