quarta-feira, 2 de setembro de 2009

IGC: avaliação divide opiniões

Alana Rizzo
Clipping Educacional - Correio Braziliense (02.09.2009)
Especialistas questionam índice que atribui notas às instituições de ensino superior, mas concordam que devem haver análises periódicas
Os resultados negativos do Índice Geral de Cursos (IGC), divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), geraram polêmica na área educacional. Representantes de universidades e entidades ligadas ao ensino superior questionam a metodologia usada no levantamento, mas concordam com a necessidade de avaliações periódicas. Quase um terço das 2 mil instituições analisadas apresentou problemas graves no quadro de professores, projetos pedagógicos e infraestrutura. Apenas 1% obteve nota máxima. O indicador de qualidade é construído com base numa média ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-graduação de cada instituição. É composto por dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e visitas in loco. Divulgado anualmente, o resultado final do IGC é expresso em notas que vão de 1 a 5.
Para o secretário da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), Manoel Luís Martins, o índice não retrata a realidade educacional brasileira, porque engloba instituições de natureza diversas: "Existem aquelas voltadas para a educação, para a questão mercadológica, e universidades e escolas constituídas por apenas um curso". A avaliação do governo, segundo ele, é necessária, mas deveria ser feita com a participação da comunidade universitária. "Queremos que o MEC explique melhor a equação", disse, cobrando, ainda, que os critérios sejam tornados públicos e os investimentos em educação sejam maiores. Para Martins, o financiamento estudantil é insuficiente.
O levantamento do IGC mostra, também, as diferenças no ensino das instituições públicas e particulares. Foram analisadas 2 mil universidades, sendo 184 da rede pública e 1.429 privadas - as 387 restantes passarão por nova inspeção. Somente 5,5% das faculdades pagas conseguiram notas acima da média 3. Entre as instituições que alcançaram o índice 5, que representa os centros de excelência, 10 são particulares e 11 públicas.
Diretor da Associação Nacional das Universidades Particulares (Adup), Heitor Pinto Filho considera o índice uma avaliação política. "É mal feito porque não mostra todas as faculdades. Ou entra todo mundo, ou nenhuma", critica. Ele, que também é reitor da Universidade Bandeirantes, em São Paulo, defende avaliações regionais. "Um país com a extensão do Brasil não pode ter um índice geral como esse. Temos particularidades", destaca.
Os números do IGC serão avaliados pela Comissão de Educação e Cultura (CEC), da Câmara dos Deputados. Presidente da comissão, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) diz que ajustes deverão ser feitos na metodologia. "Não é desejado o ranqueamento, mas sim critérios", completa, lembrando que o índice é uma ferramenta para o estudante conhecer o potencial da universidade em que estuda.

Rendimento
A prova avalia o rendimento dos alunos dos cursos em relação ao conteúdo. Feito por amostragem, o MEC já apurou - e incluiu no IGC - os resultados das áreas de saúde, ciências agrárias e engenharia.Para o ministério, o índice irá refletir, no futuro, o padrão das universidades, depois que o ciclo de três anos do Enade for completado.

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