Fernanda Calgaro
Clipping Educacional - Do G1, em São Paulo
A mudança no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), proposta pelo Ministério da Educação (MEC) , não será somente no número de questões, de 63 para 200, além da redação. A adoção de outra metodologia na elaboração da prova vai permitir que o desempenho dos alunos na prova possa ser comparado ano a ano.
Com isso, será possível acompanhar a evolução do ensino e evitar até que algum candidato saia prejudicado por ter feito uma prova mais difícil do que o seu concorrente, já que muitas universidades aceitam a nota do Enem dos últimos dois anos. O Enem também deverá cobrar mais conceitos e não ficar só nas questões contextualizadas, sua marca registrada.
No modelo atual, mesmo que se tente manter o mesmo nível de complexidade, o grau de dificuldade do exame é variável, então, não é possível dizer com precisão se o resultado dos estudantes melhorou ou piorou porque são coisas diferentes sendo comparadas. Por essa teoria, chamada de clássica, a quantidade de acertos é levada em conta e não o que o candidato acertou. Ou seja, em linhas gerais, a preocupação é quantitativa e não qualitativa.
No novo formato, será usada a teoria de resposta ao item (TRI). O foco é no item, como é chamada cada questão, e não no total de acertos. A teoria é o conjunto de modelos que relacionam uma ou mais habilidades com a probabilidade de a pessoa acertar a resposta.
“Existem vários modelos que podem ser usados. Uma das possibilidades é repetir pelo menos 20% das questões da prova de um ano ao outro. Como parte das perguntas será a mesma, consegue-se saber se os acertos dessas questões aumentaram ou não”, afirma Dalton Andrade, professor titular do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Referência na área, ele participou do grupo que elaborou o Enem em 1998.
As questões que serão repetidas de um ano para o outro são escolhidas de acordo com orientações dos avaliadores. Em matemática, por exemplo, pode-se repetir uma questão de cada área, como trigonometria e geometria, para que sejam medidas habilidades diferentes.
Outro modelo é colocar questões calibradas, como são chamadas as perguntas previamente testadas. Provas com diversas questões são aplicadas a um grupo de pessoas. Conforme as respostas obtidas, a questão é colocada numa escala de proficiência.
Escala de proficiência
Cada exame, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) , tem a sua escala de proficiência, que é como se fosse uma régua. Cada ponto da escala funciona como um indicador do que e do quanto a pessoa sabe sobre a habilidade avaliada naquela questão.
Uma pergunta de português, por exemplo, pode avaliar se quem responde sabe estabelecer relações entre imagens, gráficos e um texto. Outra analisará se essa mesma pessoa sabe relacionar causa e conseqüência entre partes do texto. A questão de múltipla escolha pode ter só uma resposta certa e as outras erradas ou uma certa, outra meio certa e as restantes erradas. Isso significa que, se a pessoa escolher a meio certa, a sua proficiência naquele assunto é parcial.
Então, de posse de um acervo numeroso, é montada uma prova só com questões calibradas. Outros exames, como o Toefl e o SAT , também usam essa mesma teoria. “Isso permite que várias pessoas façam as provas em momentos diferentes, pois elas são comparáveis”, afirma Andrade. “O desempenho numa prova depende de quais itens e não só de quantos a pessoa acertou.”
Comparação
O MEC poderá usar esses ou outros modelos da teoria no novo exame, que ainda está sendo elaborada. O resultado na prova do Enem só será comparável assim que tiver sido aplicada no novo formato por dois anos seguidos.
Segundo Andrade, a aplicação dessa teoria exige recurso computacional mais sofisticado. “Era possível usá-la no Enem antigo, mas seria algo muito complexo, já que as questões do Enem eram mais contextualizadas. Agora, com a mudança para cobrar mais conceitos e uma divisão por quatro grandes áreas, isso fica um pouco menos complicado”, avalia.
A teoria não se aplica à correção da redação, que é mais subjetiva. “Em geral, as redações são corrigidas por duas pessoas diferentes e, se há uma discrepância muito grande entre as notas, um terceiro avaliador corrige.”
Com isso, será possível acompanhar a evolução do ensino e evitar até que algum candidato saia prejudicado por ter feito uma prova mais difícil do que o seu concorrente, já que muitas universidades aceitam a nota do Enem dos últimos dois anos. O Enem também deverá cobrar mais conceitos e não ficar só nas questões contextualizadas, sua marca registrada.
No modelo atual, mesmo que se tente manter o mesmo nível de complexidade, o grau de dificuldade do exame é variável, então, não é possível dizer com precisão se o resultado dos estudantes melhorou ou piorou porque são coisas diferentes sendo comparadas. Por essa teoria, chamada de clássica, a quantidade de acertos é levada em conta e não o que o candidato acertou. Ou seja, em linhas gerais, a preocupação é quantitativa e não qualitativa.
No novo formato, será usada a teoria de resposta ao item (TRI). O foco é no item, como é chamada cada questão, e não no total de acertos. A teoria é o conjunto de modelos que relacionam uma ou mais habilidades com a probabilidade de a pessoa acertar a resposta.
“Existem vários modelos que podem ser usados. Uma das possibilidades é repetir pelo menos 20% das questões da prova de um ano ao outro. Como parte das perguntas será a mesma, consegue-se saber se os acertos dessas questões aumentaram ou não”, afirma Dalton Andrade, professor titular do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Referência na área, ele participou do grupo que elaborou o Enem em 1998.
As questões que serão repetidas de um ano para o outro são escolhidas de acordo com orientações dos avaliadores. Em matemática, por exemplo, pode-se repetir uma questão de cada área, como trigonometria e geometria, para que sejam medidas habilidades diferentes.
Outro modelo é colocar questões calibradas, como são chamadas as perguntas previamente testadas. Provas com diversas questões são aplicadas a um grupo de pessoas. Conforme as respostas obtidas, a questão é colocada numa escala de proficiência.
Escala de proficiência
Cada exame, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) , tem a sua escala de proficiência, que é como se fosse uma régua. Cada ponto da escala funciona como um indicador do que e do quanto a pessoa sabe sobre a habilidade avaliada naquela questão.
Uma pergunta de português, por exemplo, pode avaliar se quem responde sabe estabelecer relações entre imagens, gráficos e um texto. Outra analisará se essa mesma pessoa sabe relacionar causa e conseqüência entre partes do texto. A questão de múltipla escolha pode ter só uma resposta certa e as outras erradas ou uma certa, outra meio certa e as restantes erradas. Isso significa que, se a pessoa escolher a meio certa, a sua proficiência naquele assunto é parcial.
Então, de posse de um acervo numeroso, é montada uma prova só com questões calibradas. Outros exames, como o Toefl e o SAT , também usam essa mesma teoria. “Isso permite que várias pessoas façam as provas em momentos diferentes, pois elas são comparáveis”, afirma Andrade. “O desempenho numa prova depende de quais itens e não só de quantos a pessoa acertou.”
Comparação
O MEC poderá usar esses ou outros modelos da teoria no novo exame, que ainda está sendo elaborada. O resultado na prova do Enem só será comparável assim que tiver sido aplicada no novo formato por dois anos seguidos.
Segundo Andrade, a aplicação dessa teoria exige recurso computacional mais sofisticado. “Era possível usá-la no Enem antigo, mas seria algo muito complexo, já que as questões do Enem eram mais contextualizadas. Agora, com a mudança para cobrar mais conceitos e uma divisão por quatro grandes áreas, isso fica um pouco menos complicado”, avalia.
A teoria não se aplica à correção da redação, que é mais subjetiva. “Em geral, as redações são corrigidas por duas pessoas diferentes e, se há uma discrepância muito grande entre as notas, um terceiro avaliador corrige.”
fonte:http://g1.globo.com/
0 comentários:
Postar um comentário