sábado, 9 de agosto de 2008

QUESTÕES INTERDISCIPLINARES EXIGEM CONTEXTUALIZAÇÃO

As questões interdisciplinares são a nova moda dos grandes vestibulares do Brasil. Muitas universidades têm adotado essa modalidade que mistura mais de um assunto em um mesmo quesito. A Fuvest, o vestibular mais concorrido do país, anunciou recentemente que terá pela primeira vez, neste ano, 10% de sua prova de primeira fase reservada a esse tipo de questão. Serão nove perguntas interdisciplinares.
Professores de cursinhos e coordenadores de processos seletivos de grandes universidades são favoráveis à mudança e afirmam que não há motivo para os estudantes se assustarem. “É só saber refletir sobre os assuntos que foram estudados”, afirma Bruno Rabin, diretor do curso Vestibular de A a Z, do Rio de Janeiro. “A interdisciplinaridade nada mais é que usar as matérias para ver a realidade”, acrescenta.
Segundo o professor Alberto Francisco do Nascimento, do Anglo de São Paulo, o aluno que estuda bem todas as matérias pode ficar tranqüilo, pois não terá dificuldades. Ele indica a resolução de provas de vestibulares passados que contam com esse tipo de pergunta. Nascimento aponta também os testes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como boa fonte de estudo.
Já Rabin aconselha os alunos a discutir em sala de aula sobre temas multidisciplinares como economia, ecologia, saúde, trabalho, entre outros. De acordo com ele, sempre que a pessoa ler algo sobre uma nova pesquisa deve levar o assunto para conversar com o professor.
Para Leandro Tesler, coordenador do vestibular da Universidade de Campinas (Unicamp ), que adota questões interdisciplinares desde 1999, o aluno não deve ter limites na hora de se preparar para o vestibular. “É preciso ler jornal, revista, escutar rádio, ver televisão, filmes. Tem que saber pensar, ter um olhar sobre as situações”, diz.
Na Universidade de Brasília (UnB ), na qual as provas são todas interdisciplinares, com exceção da de língua estrangeira, a comissão de vestibular orienta o estudante a saber contextualizar o que aprende. “Se você quer entender o funcionamento do motor do carro, por exemplo, tem que entender de química, física, matemática”, exemplifica o coordenador acadêmico do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe/UnB), Marcus Vinícius Araújo Soares.
Aos 20 anos, prestes a fazer o terceiro ano de vestibular para medicina, o estudante Ildefonso Luiz de Freitas Neto, diz ter se acostumado às questões interdisciplinares e hoje em dia prefere provas dessa modalidade que as tradicionais. “É uma forma de a gente poder relacionar o que aprende no cursinho com o cotidiano. Vemos para que serve os assuntos que estudamos”, comenta.
Ele conta que, no seu primeiro vestibular, sentiu dificuldade ao responder quesitos que misturam assuntos diferentes. “Não dava muita bola para prestar atenção nas coisas que acontecem no mundo.” Freitas Neto, natural de Rondônia, veio estudar em São Paulo em 2004 e não conhecia o formato interdisciplinar de processos seletivos. Neste ano, ele fez assinatura de um jornal e de uma revista semanal e diz que sempre procura assistir aos telejornais e olhar site de notícias na internet, inclusive o de periódicos internacionais. “Pode cair um texto do ‘New York Times’ ou da ‘BBC’ na Unicamp”, cita.
fonte:Luísa Brito, do G1, em São Paulo

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